Teses 2019

Limites e desafios da preservação de conjuntos urbanos modernos no Brasil: Vila Serra Do Navio-AP (1955-2018)

Autor: JULIANELLI, Anna Rachel Baracho Eduardo

 

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Resumo: A Vila Serra do Navio foi idealizada em 1955 no Brasil, em plena floresta amazônica, como Company Town da “Indústria e Comércio de Minério S.A” (ICOMI). O complexo de exploração de manganês previu equipamentos industriais, residenciais, administrativos, educacionais, de saúde e de lazer, com projeto moderno do arquiteto Osvaldo Bratke, e de mobilidade (rodovia, linha férrea e porto), que viabilizariam a prospecção e o escoamento do minério. A Vila, inaugurada em 1960, permaneceu até 1992 como cidade fechada sob a gestão privada da ICOMI, que encerrou as atividades no território por esgotamento do manganês no ano de 1997. A transferência da posse dos ativos gerou uma lacuna de responsabilidades entre os três níveis da administração pública (Município, Estado e União Federal), atenuada com a insituição do tombamento da vila pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2012 com inscrição nos Livros do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico e das Belas Artes. Objetiva-se, de modo específico, analisar o processo de patrimonialização desse bem cultural a partir dos conceitos que fundamentaram o reconhecimento de valores, a consequente proteção e seus rebatimentos (ou não) nas práticas de conservação urbana. A rerratificação do tombamento, em 2018, é resultante de uma revisão de postura institucional diante de um quadro de conflitos provenientes da oposição ao tombamento pelos novos moradores; do surgimento de novas áreas urbanas de expansão,, da perda material do acercvo e do declínio econômico com a inatividade da mineração. No campo dos experimentos institucionais, o tombamento de um conjunto urbano moderno na Amazônia representa, assim, a ampliação do acervo preservado com linguagens arquitetônicas e urbanísticas características do século XX, a expansão da rede de proteção para uma região tão simbólica do Brasil, bem como, a revisão de pressupostos práticos ao fomentar a regularização fundiária como estratégia de atuação. A partir de estudo atento ao acervo documental e às dinâmicas compreendidas à luz dos contextos contemporâneos defende-se a tese de que ressignificar valoração em um contexto patrimonial cuja origem é minerária e todas as expectativas de desenvolvimento ainda se firmam na exploração natural, passa necessariamente pela consideração de outras abordagens. Em uma analogia à exploração minerária, busca-se inserir a categoria do patrimônio industrial, do saber técnico e da própria noção de rejeito negligenciados no processo de valoração. A paisagem de mineração é considerada em uma dimensão que transcende a ideia de invólucro (a floresta amazônica) ou de locus de implantação de uma “obra de arte” alcançando uma categoria analítica mais ampla que a considere como bem a ser interpretado, compreendido em sua gênese e, portanto, valorado.

 

Matéria, valor e autenticidade na conservação-restauração de bens tombados pelo IPHAN no Rio de Janeiro

Autor: GALLOIS, Catherine Jacqueline Suzanne

 

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Resumo:  Este trabalho reflete sobre os desafios da conservação do patrimônio material imóvel à luz de diferentes abordagens teóricas e epistemológicas. Toma os princípios teóricos como valores de uma cultura geral da conservação, os quais, por sua vez, necessitam ser menos abstratos e se relacionar mais com as práticas para terem maior sentido e adesão. Estes valores seriam mais facilmente viabilizados por abordagens de monitoramento e conservação programada, o que não se faz sem a gestão do conhecimento, da documentação e da informação. A partir de casos concretos, este trabalho explora relações entre valores, discursos e as suas correspondentes percepções, projeções, alterações e impactos na materialidade de preexistências arquitetônicas. Tais conexões realçam a missão do projeto de intervenção para além de sua pretensa neutralidade técnica, como importante instância de evidenciação e de construção de elos entre a materialidade das coisas tombadas e a apropriação de seus significados. A autenticidade enquanto esses elos é o fio condutor que permite, também, iniciar uma reflexão sobre os limites e potencialidades das ciências da conservação. Para uma gestão da conservação do patrimônio além das dicotomias, propõe-se pensar seus objetos como híbridos de naturezas-matérias, discursosrepresentações, atores-decisões.

A metáfora da guerra na vida cotidiana e sua apropriação pela saúde pública. O Caso de Nova Iguaçu

Autor: Benedicto, Danielle Barros de Moura

 

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Resumo: A tese parte da análise do uso e da apropriação da “metáfora da guerra” pela saúde pública considerando o crescimento da violência. Com a violência inserida como um problema de saúde pública, procuramos investigar se a presença ostensiva de militares no espaço urbano e as narrativas de crime não teriam contribuído para o aumento da sensação de medo e insegurança tendo em vista a possibilidade de conflito e a caracterização de um “outro” que devemos temer. Neste contexto, os reflexos da violência e do medo no sistema de saúde serão analisados mediante a observação da dinâmica organizacional e física dos serviços de emergência, assim como nas representações e práticas dos seus agentes. Os serviços de emergência foram escolhidos porque neles a violência adquire visibilidade, misturando-se ao processo de trabalho da assistência e às distintas interações entre profissionais da saúde e os usuários dos serviços. O objetivo central foi o de compreender o significado e as várias faces que a violência adquire nas múltiplas redes que se constituem e se reproduzem no cotidiano do atendimento médico na emergência de um Hospital Público, no caso, o Hospital Geral de Nova Iguaçu. Pode-se reconhecer no andamento do trabalho que a violência nos serviços de emergência assume múltiplas formas, como: (1) das péssimas condições de atendimento oferecidas à população; (2) de um modelo de atendimento que despersonaliza e ignora o usuário; (3) de um processo de trabalho que impõe sofrimento aos seus trabalhadores com baixa remuneração, falta de estrutura, materiais e muitas vezes com uma carga de trabalho intensa; (4) de uma demanda de atendimento que, pela gravidade das lesões, vai significar tanto um desafio técnico, mas também uma possibilidade de aprendizado aos que realizam o atendimento; (5) de uma forma de interação entre profissionais, pacientes e familiares, podendo resultar em conflitos diante das situações que o modelo de assistência médica impõe; (6) de reprodução de preconceitos e estigmas sociais que servirão, muitas vezes, de critérios seletivos para a qualidade da assistência médica dispensada; Buscamos nas considerações finais rever os limites de nosso estudo e propor novas indagações.

A expectativa e a satisfação com conforto térmico de usuários de edifícios de escritórios em clima quente e úmido

Autor: CAETANO, Diego Souza.

 

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Resumo: A percepção de conforto térmico em climas quente e úmidos por ocupantes de edifícios de escritórios com sistemas naturalmente ou artificialmente condicionados são influenciados pelo clima externo e pelo comportamento do usuário. Essa hipótese vem sendo defendida por muitos pesquisadores internacionalmente, através do modelo de conforto adaptativo. Esta tese pretende contribuir nessa discussão a partir da realização de uma análise e avaliação da expectativa e da satisfação dos ocupantes com o conforto térmico em prédios de escritórios em operação real. Os resultados foram obtidos por uma pesquisa com ocupantes através de um questionário curto, aplicado diariamente através dos computadores das estações de trabalho, e um questionário estruturado longo (uma pesquisa de Avaliação Pós Ocupação – APO) aplicado uma vez junto aos participantes no início da pesquisa, além do monitoramento em alta resolução temporal (instantaneamente) das variáveis climáticas em seu ambiente externo e interno. O comportamento dos ocupantes foi estudado para interpretação das medidas que os ocupantes empreendem para melhorar o conforto percebido. Os resultados serão comparados com modelos internacionais de conforto, considerando a estação mais quente, no interesse de discutir caminhos para o desenvolvimento de normas técnicas de conforto térmico para o Brasil.

A batalha por água: gestão e acesso aos recursos hídricos no leste metropolitano do Rio de Janeiro

Autor: FREIRE, Eloisa Helena Barcelos

 

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Resumo: Esta Tese de Doutorado trata dos conflitos relacionados à gestão e ao acesso aos recursos hídricos no leste metropolitano do Rio de Janeiro, mais especificamente nos municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Niterói e Maricá. A origem do conflito na gestão de tais recursos se deve ao fato de que esses municípios não possuem bacias hidrográficas dentro de seus limites territoriais capazes de suprir sua demanda por água, dependendo, principalmente, dos mananciais do município de Cachoeiras de Macacu. Parte-se da compreensão que no âmbito do capitalismo, os impactos socioambientais gerados pela urbanização contemporânea estão, direta e indiretamente, influenciados por relações desiguais de poder e de acessibilidade aos diversos serviços urbanos, dentre eles o acesso e uso do recurso água, e que no mundo contemporâneo dominado pela forma-mercadoria, a água, como insumo indispensável para diversas atividades, tem crescentemente sido colocada e disputada no mercado. Desse modo, mundo afora, as cidades têm assistido a um processo de apropriação, regulação e distribuição privadas de serviços e de recursos naturais, transformando-se de um bem de uso público em um valor de troca. A partir dessas considerações, o estudo examina a gestão e o sistema de abastecimento de água dos municípios supracitados, procurando analisar de que forma a distribuição deste recurso é apropriado entre os municípios e pelos diferentes segmentos sociais que interagem nestes territórios e que podem caracterizar as relações desiguais de poder e ao acesso do recurso água. Este movimento possibilita responder ao questionamento central deste estudo, a saber: num cenário de escassez de recursos hídricos e tendência à privatização dos serviços de abastecimento de água, manifestam-se por aquilo que é aqui nomeado como a “batalha por água” entre os municípios e a distribuição seletiva apenas aos grupos sociais com demanda solvável, contrariando, sobremaneira, o caráter de direito que o acesso à água deve ter.

 

Dez anos da operação urbana Porto Maravilha: destruição criativa e ressignificação do território

Autor: ARAÚJO, Flavio Faria de

 

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Resumo: Em dez anos de desenvolvimento, a Operação Urbana Porto Maravilha já tem um acervo de análises acadêmicas acerca dos efeitos urbanos dos projetos que estão sendo colocados em prática. Idealizada mediante uma grande parceria entre as três esferas de governo e algumas grandes empresas, a operação está inspirada numa matriz de pensamento econômico que busca situar a cidade em uma relação mundial de fluxos de informações e finanças, materializada em um grande projeto urbano. O objeto central desta tese é a investigação das transformações do espaço social – material e simbólico – no qual o projeto “Porto Maravilha” está inserido. Foram utilizados conceitos norteadores como: destruição criativa (HARVEY, 2004) e território, desterritorialização e reterritorialização (HAESBAERT, 2004) que constituíram uma lente de análise das transformações e relações territoriais imbricadas nesta operação. O trabalho apresenta o Elevado da Perimetral como um “marco zero” da legitimação do discurso de devolução do waterfront para a população. A pesquisa fundamenta-se nas ações materiais e simbólicas que são relativas ao recorte espacial deste trabalho. Nesse sentido, um histórico da região portuária, as primeiras realizações da OUCPM, o período de crises (2013-2019) e as mudanças políticas, econômicas e sociais destes últimos dez anos são analisados juntamente com o desenvolvimento das obras e dos equipamentos culturais que são construídos no período pré e no pós-Olímpico Rio 2016. É importante destacar que a partir dos processos de desterritorialização e reterritorialização foi produzida uma ressignificação do território portuário carioca. O “branqueamento cultural do território” e as “disputas de lugar” (SANTOS, R. E. et al., 2018) são evidenciados, uma vez que a cultura de matriz africana, que foi colaboradora na formação da memória e identidade locais, tem sido minimizada ou apagada. As ações de desestigmatização e imposição de novas matrizes culturais enfatizam as mudanças que os agentes produtores desta OUC desejam no desenvolvimento de novas frentes para o capital: uma cultura pasteurizada, despolitizada e voltada ao consumo e aos turistas. Por fim, com base em pesquisa cartográfica, reportagens jornalísticas e fotos de trabalhos de campo são discutidas as mudanças territoriais do período recente. O percurso trilhado para este trabalho permitiu responder ao problema de pesquisa centrado na relação entre as transformações materiais e simbólicas na produção do espaço, no qual a Operação Urbana Porto Maravilha emerge como caso emblemático.

Arquitetura e poder: a formação do campo arquitetônico como base constitutiva de um pensamento moderno, nacionalista e autoritário na arquitetura brasileira (1914-1945)

Autor: Rosa, Gabriel Botelho Neves da.

 

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Resumo: A arquitetura não é uma atividade neutra, estando sempre sujeita às interferências de fenômenos sociais, econômicos, políticos e culturais mais amplos. O presente estudo teve por objetivo realizar uma revisão historiográfica da moderna arquitetura brasileira, no período compreendido entre os anos de 1914 e 1945, a partir de sua relação com o poder. À análise do objeto arquitetônico foi somada a investigação de seu campo, espaço da luta travada pelos especialistas da produção da arquitetura como bem simbólico. O foco de análise se ateve, fundamentalmente, à cidade do Rio de Janeiro, principal arena de disputa de poder entre os agentes do campo arquitetônico à época. O período de investigação se justifica por ser marcado pela formação do campo arquitetônico nacional, assim como pelo crescimento dos regimes autocráticos e o avanço do culto à nacionalidade em escala global. Concluiu-se assim, que, no momento em que o nacionalismo e o autoritarismo atingiam no Brasil o auge de sua dimensão político-simbólica, uma arquitetura moderna, nacionalista e autoritária passou a predominar, com auxílio do campo arquitetônico em formação, como representação simbólica de poder.

Economia criativa para quem? Estudo de caso do destino turístico da praia da pipa, Rio Grande do Norte, Brasil

Autor:TARGINO, Gabriela.

 

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Resumo: Na compreensão de que permeia no cenário nacional e internacional o ideário de ―Economia Criativa‖, o presente estudo analisa a denominação, conceitos e experiências referentes ao termo Economia Criativa, sua linha histórica no Brasil e no mundo, a fim de apresentar comparativos de transformações socioespaciais, culturais e econômicos, e ainda impactos locais/nacionais e internacionais, provocados pela inserção de atividades ligadas a indústria criativas e seus setores e classes. A Economia Criativa volta-se para uma massa de empreendimentos que tomam como base o capital ativo intelectual e cultural junto à criatividade com fins a geração do valor econômico. Dessa forma surgiu para o Brasil e para o mundo como forma estratégica de mudanças. Nesse âmbito, ela vem abarcando, dentro de uma visão macro, segmentos como arquitetura, publicidade, design, softweres, games, bem como a economia da cultura, com teatro, dança, música, cinema, artes, museus, literatura, patrimônio natural/cultural, etc. Na visão global percebe-se que setores ligados às atividades de desenvolvimento da economia criativa geram uma receita representativa para a economia provocando além das dinâmicas econômicas, uma revolução tecnológica e a intensificação do processo de globalização com a geração de emprego e renda, bem como o aumento do capital de importação e exportação. A luz desse prisma o trabalho observou as transformações locais em especial a Praia da Pipa/RN e seus espaços urbanos, a fim de ver as implicações geradas no cenário econômico, por meio dos setores ditos ―criativos‖ relacionando ao turismo e ao estatuto teórico basilar em menção as intervenções contemporâneas nas últimas décadas. O trabalho vislumbrou também, um apontamento sobre o momento atual do Brasil, em relação às políticas públicas de fomento no país por meio do Ministério da Cultura, e uma análise da fluidez e dissolução da pasta da Secretaria da Economia Criativa, extinta em 2015. A pesquisa se desenvolve dentro da perspectiva fenomenológica, se calçando dos métodos de estudo de caso, tendo, também, como estrutura a pesquisa bibliográfica, pilar na construção do marco conceitual da abordagem em estudo.

Ordem urbana e ordem pública no Rio de Janeiro olímpico

Autor: Grossi, Grasiele Márcia Magri.

 

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Resumo: O trabalho pretende relacionar ordem urbana e ordem pública como formas de controle socioespacial nas cidades. Com base na identificação de um contexto de ajustes no espaço urbano e social do Rio de Janeiro, busca-se compreender as recentes políticas de ordem e segurança pública implantadas na cidade em sua relação com as transformações urbanísticas para as Olimpíadas de 2016. A imagem da cidade do Rio de Janeiro está assentada na dualidade entre as representações de um lugar maravilhoso, mas também desordenado e perigoso. Durante a preparação da cidade para receber megaeventos esportivos, a reconfiguração dessa imagem se tornou elemento essencial para a construção da chamada Cidade Olímpica. Dessa forma, as ações de ordenamento lançadas nos espaços públicos e favelas da cidade são interpretadas nesta pesquisa como estratégias de controle seletivo, que pretenderam afastar as representações negativas e assegurar os interesses de atores públicos e privados envolvidos com o novo projeto de cidade. Busca-se demonstrar como a aplicação de medidas de contenção social junto à promoção de projetos de urbanização de caráter excludente contribuíram para acentuar a desigualdade na metrópole.

O ambiente construído como um grande propulsor de geração de energia renovável nos centros urbanos e sua interferência na estética arquitetônica

Autor: Loys, Isabelle de 

 

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Resumo: O uso descontrolado de recursos naturais para diversos fins e, principalmente, o uso das fontes fósseis para geração de energia nos mais variados segmentos, vem provocando mudanças climáticas e impactos negativos ao meio ambiente, alertando à necessidade de mudanças para um conceito mais limpo. Tais mudanças vêm ganhando espaço no mercado de geração de energia e eficiência energética. O Brasil apresenta características naturais favoráveis ao desenvolvimento da geração solar fotovoltaica, principalmente em áreas urbanas próximas ao ponto de consumo que minimiza custos na transmissão e distribuição. No Brasil, houve um significativo progresso com a publicação da Resolução Nº482/2012 da ANEEL, que possibilitou que esses sistemas pudessem ser instalados em locais onde há rede elétrica, sendo as áreas urbanas mais indicadas para receberem este tipo de tecnologia, por terem maior concentração de consumidores de energia e sua geração, após a instalação do sistema, é feita no próprio ponto de consumo, minimizando perdas na transmissão, além de já contar com uma infraestrutura de distribuição. Considerando que, dentre as fontes renováveis, a solar fotovoltaica é a que mais beneficia, pois pode ser instalada em áreas já edificadas, chamadas de sistemas aplicados à arquitetura (BAPV – Building Applied Photovoltaic System), é em sua maioria instalada nas coberturas e telhados das edificações, local que comumente recebe maior insolação, ou na substituição de materiais de revestimento e funções arquitetônicas, neste caso atendendo às multifuncionalidades que os painéis podem exercer na arquitetura. Os BAPVs tendem inevitavelmente a serem mais fragmentados e superposicionados, uma vez que têm de cumprir uma situação existente. Esta tese apresenta um estudo crítico e mostra a realidade de como estes sistemas estão sendo projetados, bem como seus impactos visuais e estéticos na composição arquitetônica, nos segmentos residencial e comercial. Fundamentado por um questionário fechado e uma análise crítica de fotos de sistemas instalados no Brasil, aborda a importância da figura do arquiteto nos projetos, se há o conhecimento das multifuncionalidades dos painéis pelos atores envolvidos, além de questionar se as novas tecnologias podem ser mais atrativas no mercado nacional.

Madureira: uma análise sobre as controvérsias entre a "cidade-espetáculo" e um subúrbio resiliente

Autor: Rocha, Josielle Cíntia de Souza.

 

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Resumo: A tese aborda a temática que se insere nos debates contemporâneos sobre o espaço urbano. Trata, pois, de intervenções e transformações ocorridas sobre esses espaços em diferentes escalas – no Brasil e exterior -, na busca de compreender, no curso dos processos, as relações entre as áreas de história urbana, planejamento e intervenção urbanística ocorridas nas últimas décadas, em tempos de mundialização da economia. Revisa, em macroescala, a experiência de outros países e enfatiza essa vivência na cidade do Rio de Janeiro e, na microescala, aprofunda o foco nos estudos sobre o bairro de Madureira. Tem por objetivo investigar tais práticas, de um lado protagonizadas pelo poder público e por outros agentes interessados nas intervenções implementadas para construção de uma “cidade-espetáculo”, e, de outro lado, a cidade desejada pela população que a produz, a partir da apropriação e reapropriação de seus espaços. As práticas espontâneas vivenciadas pela população são reflexo natural das suas necessidades cotidianas, bem como uma forma de manifestação cultural, enquanto expressão de seu próprio modo de vida e que alimenta uma dinâmica urbana característica do lugar. Constata-se que, apesar dos esforços para se construir a “cidade-espetáculo” moldada pelo capital globalizante, via marcos arquitetônicos, há a manutenção de uma outra cidade enquanto manifestação da população local. A metodologia adotada envolveu uma revisão teórico-histórica e prática pautada na observação participante da autora, da vida cotidiana, estabelecendo comparações entre o quadro apresentado pela “cidade-espetáculo” e a “cidade dos moradores”. Para tanto, foram combinados métodos qualitativo e quantitativo, do geral para o particular, para discernimento dos processos investigados. Como resultado, chegou-se ao reconhecimento da cidade dos moradores locais, com seus princípios constitutivos de valores e identidade locais.

Os parâmetros urbanísticos e o bem-estar: Reflexões sobre uma delicada relação

Autor: Nacif, Roberto Bressan

 

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Resumo: Os parâmetros urbanísticos atualmente utilizados pelas Prefeituras Municipais de todo o país possuem o propósito de orientar os profissionais envolvidos para aprovação dos projetos arquitetônicos e padronizar procedimentos para que o poder público possa se organizar quanto ao seu processo de urbanização. A partir da observação do surgimento das edificações do tipo “caixas de vidro”, este trabalho propõe uma reflexão em torno da insuficiência e fragilidade dos parâmetros urbanísticos frente à complexidade das exigências apresentadas pelas aglomerações urbanas atuais. Mediante a identificação da desconexão entre os parâmetros urbanísticos atualmente utilizados e o bem-estar que foram destinados a produzir, a pesquisa aponta que o desconhecimento das especificidades dessa relação requer urgentemente uma fundamentação teórica como mediadora dessa relação, de forma a resgatar o papel da administração pública no ordenamento territorial, superando as interpretações superficiais e imediatas que supervalorizam o saber cotidiano em detrimento da apropriação do saber acadêmico. Para tanto, o pensamento é voltado para o resgate da importância dos parâmetros, por meio da ligação que deve existir a partir de estudos técnicos com indicadores que podem ser criados e colecionados de forma a dar sustentação teórica para a elaboração dos parâmetros. Assim, considerando que a parcela de contribuição da arquitetura para com o bem-estar é efetivada pelo conforto ambiental, a partir da criação de três categorias de análise – o espaço construído, o ambiente humano e a percepção de bem-estar –, o trabalho pôde avançar em direção ao detalhamento, em especial quanto ao conforto térmico, para que ao final surgisse uma proposta metodológica de elaboração de um parâmetro urbanístico selecionado, de modo a readequar o seu propósito principal e a criar uma base teórica que o sustente.

Dinâmica imobiliária e estruturação espacial da cidade de Juiz de Fora, MG: Um panorama de longo prazo, 1950 a 2010

Autor: Nascimento, Silvia Augusta do

 

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Resumo: O objetivo geral do trabalho foi estudar a evolução, expansão e consolidação urbana da cidade de Juiz de Fora, no período de 1950 a 2010, através da evolução do mercado imobiliário nestes anos. Objetivos específicos foram: a) demonstrar a evolução e a consolidação da espacialização da área urbana de Juiz de Fora; b) Mapear e sistematizar os movimentos da dinâmica imobiliária em relação às ofertas por tipos de imóveis em toda a área urbana da cidade de Juiz de Fora; c) verificar como as intervenções urbanas, públicas e privadas, interferem na expansão territorial e no crescimento urbano da cidade; d) avaliar como a legislação federal e a local interferiram nesse processo; e) desenvolver metodologia para levantamento de dados primários e análise da dinâmica imobiliária na cidade. Constituiu-se em estudo de caso, com metodologia própria desenvolvida para a coleta dos dados em jornais de maior circulação, em todos os dias dos meses de abril dos anos de 1950 a 2010, na hipótese de que, sendo os anúncios indicadores diretos da oferta imobiliária, caracterizando dessa forma a dinâmica imobiliária, a análise de sua ocorrência e das intervenções e políticas urbanas, em um longo período de tempo, abrangendo toda a área da cidade, permitiria retratar e compreender a expansão socioespacial urbana de Juiz de Fora, no período entre 1950 e 2010. O trabalho apresentou o panorama geral da dinâmica imobiliária na cidade no período da pesquisa e a análise detalhada de cada um dos oitenta e um bairros dos sete Centros Regionais, destacadas as principais características do processo de urbanização vistas pelos dados obtidos na pesquisa, informações sobre a formação de cada bairro e de dados socioeconômicos. Em resultado, demonstrou que a dinâmica imobiliária, por meio das ofertas de imóveis, coletadas e tabuladas na pesquisa empírica, permitiu entender e explicar as formas de evolução, expansão e consolidação da estruturação espacial da cidade de Juiz de Fora entre 1950 a 2010, apontando seus eixos de crescimento, indicando os processos de adensamento, de verticalização e de valorização de imóveis e áreas e demonstrando como os fatores intervenções privadas e públicas, estoques de terra urbana, capital incorporador, agentes imobiliários e legislação e políticas públicas influenciaram neste processo. O cotejo dos resultados obtidos com a evolução da mancha urbana da cidade de Juiz de Fora, a partir de 1949, permitiu conferir a confluência dos movimentos da dinâmica do mercado de terras com o desenvolvimento da cidade real em seus principais vetores de expansão. O estudo demonstrou, portanto, que a análise da dinâmica imobiliária, através das ofertas de imóveis anunciadas em um longo período de tempo e abrangendo as várias regiões de uma cidade, sendo relacionada com a observação das intervenções e políticas urbanas no período e do contexto socioeconômico destas áreas, é capaz de retratar a expansão socioespacial urbana desta cidade no período determinado. Os dados coletados e organizados em extenso banco de dados, com os tipos de imóveis anunciados e suas características, poderá servir de base para pesquisas futuras, constituindo-se no primeiro passo da criação de um laboratório da dinâmica imobiliária da cidade de Juiz de Fora.

Atualizações

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