Teses 2017

Atmosferas de Preferência e a Cidade Maravilhosa

Autor: Lamounier, Alex Assunção

 

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Resumo: A evolução dos estudos urbanos tem promovido aberturas a diferentes formas de pensar as cidades. Nesse processo, têm sido crescente discussões que incluem os aspectos intangíveis, componentes que, embora importantes ao entendimento das dinâmicas urbanas, permanecem por vezes ocultos, ou em segundo plano, frente a focos predominantemente legalistas ou voltados a questões sobre a configuração concreta. Essa crescente preocupação com o intangível emerge da atenção sobre o simbolismo de paisagens comuns e seu papel na definição do caráter da cidade, em detrimento da valorização voltada apenas a configurações consideradas de destaque, frequentemente tomadas como representativas de imagens de cidades ou de algumas de suas diferentes áreas. A presente pesquisa se insere nesse contexto de evolução do pensar as cidades, incluindo a contemplação de aspectos considerados comuns e que envolvem, ainda, o intangível, simbolizações e significados muitas vezes invisíveis, tanto nas difusões de imagens e imaginários urbanos mais conhecidos, como na própria vivência da cidade. Atmosferas de Preferência são aqui entendidas como resultantes de uma série de relações entre componentes tangíveis e intangíveis que, por despertarem o interesse, inclusive por suscitarem sentimentos nostálgicos, podem se tornar reconhecíveis, de certo modo familiares. Pela intensidade com que nos tocam, podem se distinguir como memoráveis, entre outras atmosferas, no imaginário das pessoas. A pesquisa parte do pressuposto de que vivenciar a cidade pode revelar Atmosferas de Preferência relacionadas aos seus espaços comuns, inscritas na escala mais íntima do cotidiano. Seu reconhecimento relaciona-se à percepção individual, mas pode ampliar-se para o âmbito coletivo em diferentes escalas de abrangência, conforme o compartilhamento de significados comuns. Tomando-se o Rio de Janeiro como estudo de caso para o aprofundamento desse conceito, esta tese envolve discussões sobre as relações entre o imaginário de ‘Cidade Maravilhosa’ e Atmosferas de Preferência, incluindo questões sobre quais atributos são contemplados e a quem representa esta imagem intencionalmente idealizada de cidade. Parte da hipótese de que a vivência cotidiana pode revelar Atmosferas de Preferência que não se restringem aos grandes ‘cartões-postais’ cariocas. Assim, o presente trabalho busca fundamentação nas contribuições que diversos autores, de diferentes campos do conhecimento e da arte, oferecem ao tema. As análises específicas sobre o Rio de Janeiro, à luz do tema central desta tese, envolvem visões da cidade em diferentes gêneros literários, como contos, crônicas, romances e quadrinhos, e observação de campo continuada no Largo do Machado, praça escolhida como representativa de Atmosferas de Preferência cotidianas no Rio. O olhar que permeia o desenvolvimento da pesquisa, assim como a visão dos artistas escolhidos para a análise das representações na literatura, é o olhar de um ‘estrangeiro’, que busca a identificação afetiva e a atenção acurada para ‘desvendar’ o que se apresenta como desconhecido. Atmosferas de Preferência são, aqui, entendidas como configuradas através de múltiplas e diferentes visões, propiciando diferentes concepções de mundo, pautadas em diferentes tipos e níveis de afetividade. Um entendimento que se baseia na ideia de isonomia, no respeito à coexistência de múltiplas e diferentes concepções de mundo relacionadas a um mesmo tempo e espaço.

A Cidade Maravilhosa é a que Luta: Disputas Discursivas e Territoriais na Cidade Olímpica

Autor: Guterman, Bruna da Cunha

 

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Resumo: A pesquisa busca reconhecer o lugar e o papel do conflito na produção da chamada “Cidade Olímpica” entre os anos 2009 e 2016. Para além do aparato de construção de consensos e na contramão da cidade pacificada emergiram movimentos e grupos sociais que desafiaram a ordem urbana dominante. A hipótese apresentada na tese está centrada na ideia de que a “Cidade Maravilhosa e Olímpica”, enquanto imagem-síntese, foi sendo desafiada por um conjunto de movimentos e manifestações sociais na cena pública. Os caminhos metodológicos foram: (1) levantamento bibliográfico e documental; (2) análise de discursos e monitoramento de mídias; (3) cartografia experimental para espacialização das ações insurgentes; (4) produção de cronologias das ações. Como contribuição ao campo dos estudos urbanos e da teoria crítica acerca da produção do espaço, o percurso de método chega à formulação teórica do conceito de gramática territorial insurgente, que, ao reconhecer experiências inspiradoras de ação coletiva no espaço público, as revela como fundamentais para reinventar as cidades e o planejamento urbano. Nas considerações finais o trabalho aponta que um novo possível Planejamento Urbano pode ter como elemento chave o conflito social.

Os Conflitos Socioambientais Frente à Disputa pelo Espaço em Áreas de Risco: Lições do Caso de Moravia, Medellín/Colombia para a Experiência Brasileira no Morro do Bumba e do Céu em Niterói, Rio de Janeiro/Brasil

Autor: MAGNANI, Claudia Muniz Moreira

 

Resumo: Moravia, símbolo de luta, resistência, resiliência, inovação e transformação da cidade de Medellín/Colômbia. Esta análise se desenvolve na construção da História e Memória dos moradores locais, no resgate de uma paisagem urbana que foi transformada ao longo de décadas, apresentando os diferentes conflitos socioambientais de acordo com a política vigente e os atores em disputa. Moravia, como território urbano estigmatizado: o assentamento humano localizado no lixão da cidade, que sobrevivia do material reciclado, data da década de 60; um bairro de invasores, com quadrilhas de narcotraficantes e grupos armados, com 40.000 pessoas em uma superfície de 43 hectares. Em Moravia as “invasões” têm sido, junto com a expulsão, verdadeiras estratégias políticas para conseguir o controle do território; para os políticos como reserva de massa eleitoral; para os grupos armados como controle da população, assim como para conseguir o controle econômico-espacial assumindo o papel de agentes do mercado imobiliário. Tal situação tem sido agravada com o desenvolvimento de projetos urbanísticos no bairro, em prol do crescimento econômico e da mobilidade, ou para instaurar determinados usos, agravando o processo não só de expulsão como de gentrificação. Portanto, reconhecer que a memória constitui um terreno plural, heterogêneo, conflitivo, e em disputa, onde convergem diversos interesses, implica aceitar o caráter dialógico e construtivista da mesma, reinterpretando e resignificando o passado, que pode contribuir com a reconstrução de tecidos sociais, o fortalecimento de redes sociais e a recuperação crítica de processos históricos. Assim, fez-se uma pesquisa qualitativa (entrevistas individuais e grupos focais). O entrevistado proporcionou informações verbais por meio de uma série de perguntas intencionais ou de estímulos (Coutinho e Cunha, 2004; Minayo, 2005), entendendo, assim, o processo de estigmatização do território; as disputas pelos espaços e as transformações urbanas ocorridas na comunidade.

O Futuro da Tradição. Uma Atualização do Valor de Patrimônio no Brasil através da Observação de Cidades Históricas no Brasil e nos Estados Unidos.

Autor: Costa, Daniella Martins

 

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Resumo: O presente trabalho tem como objetivo entender como preservamos cidades históricas no século XXI. As cidades foram escolhidas como objeto de estudo por seu caráter dinâmico, sempre em mutação para atender às demandas de novas épocas. As cidades com núcleos urbanos antigos, trazem consigo ainda outra função, a de nos fazer lembrar quem somos e de onde viemos. São elas as guardiãs de nossa memória coletiva, dos vestígios de nossa história materializados em sua malha urbana, arquitetura e habitantes. Porém, esta paisagem histórica é uma invenção. O acervo que hoje preservamos é resultado da construção de um passado, muitas vezes mítico, que nos dá no presente uma identidade. Preservamos a história selecionada para nós por nossos antepassados, para que as gerações futuras também possam saber quem são. Interessa-nos lançar um novo olhar sobre a preservação no Brasil. Para isto, vamos usar como método a comparação, já que o contraste nos dá uma identidade particular. Nossos companheiros neste percurso de re-conhecimento de nossa metodologia de preservação serão nossos vizinhos do norte, os Estados Unidas da América, um país com patrimônio tão jovem quanto o nosso e cuja trajetória de preservação pouco se discute nos meios acadêmicos brasileiros. Isso nos permitirá refletir sobre a evolução de nossos métodos e como chegamos até aqui. Observar a experiência passada e presente destes dois países nos ajudará a entender como atribuímos valor de patrimônio, isto é, como selecionamos aquilo que será preservado. Só a partir deste entendimento será possível uma atualização do valor de patrimônio no Brasil, o que dará a tradição preservada alguma perspectiva de futuro.

Acessibilidade como Direito do Cidadão e Sua Percepção nas Escolas Públicas de Niterói.

Autor: Florentino, Edna

 

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Resumo: Esta tese defende que a escola possa ser um ambiente de combate à exclusão, possibilitando a equiparação de oportunidades educacionais. Tem como objetivos entender o papel da arquitetura escolar como formadora de cidadania democrática; compreender como um ambiente influencia a percepção ambiental dos estudantes; avaliar a importância da arquitetura escolar como multiplicadora de ações voltadas para o respeito à diversidade e deficiência e minimizar às atitudes e ideologias de segregação e exclusão social dirigidas às pessoas com deficiência. Analisou-se a inclusão de pessoas com deficiência em duas escolas públicas municipais de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Este trabalho teve o cunho qualitativo, utilizando fontes documentais, entrevistas semiestruturadas tendo como foco a percepção dos gestores, professores e estudantes (com e sem deficiência). Tivemos também como sujeito da pesquisa, o órgão gestor das escolas, a Fundação Municipal de Educação de Niterói- F.M.E. Realizamos o diagnóstico da acessibilidade arquitetônica e urbanística das duas escolas tomando como referência o atendimento à norma da ABNT 9050:2015, acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos, o decreto federal nº. 5296/2004 e a Lei nº 13.146/2015 (Lei Brasileira da inclusão). Este estudo demonstrou que embora os governos federal e municipal contenham programas e propostas para a realização da educação inclusiva, com a integração de estudantes com deficiência nas escolas da rede regular de ensino, não oferecem todas as condições para que este grupo tenha acesso a uma educação e ensino de qualidade. Concluiu-se- que as escolas estão em processo de inclusão educativa, havendo algumas carências que são essenciais e podem dificultar ou impedir o avanço deste processo, tais como: problemas de acessibilidade arquitetônica e urbanística, qualificação e formação dos professores e necessidade de aquisição de material didático e pedagógico.

Cidade e Cinema: Presentificação, Imaginário e Memória

Autor: Reis, Elisabete Rodrigues dos.

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Resumo: Tese de doutorado, inserida na área de concentração Cultura e História da Arquitetura, da Cidade e do Urbanismo. Investigação da cidade no cinema. Reflexão à respeito da arte cinematográfica Tese de doutorado, inserida na área de concentração Cultura e História da Arquitetura, da Cidade e do Urbanismo. Investigação da cidade no cinema. Reflexão à respeito da arte cinematográfica como possibilidade de leitura e interpretação das cidades. O fio condutor da pesquisa se desenvolve a partir da problematização e da articulação dos conceitos: presentificação, imaginário e memória. Estratégia metodológica ancorada em duas abordagens reconhecidas no campo científico e filosófico, a saber: a fenomemologia [como Escola Filosófica] e os aportes dos filósofos G.Deleuze e F.Guattari. O fio condutor que fundamenta o trabalho parte da perspectiva de que a compreensão do outro não passa sem a compreensão de nós mesmos, não há como olhar e perceber o outro sem se ver. Perceber também é apreender e não há como estarmos imunes à transformação no processo de conhecimento. Perceber implica numa relação corpórea entre o sujeito que percebe e o que é percebido. Nesse contexto, perceber a cidade sob a ótica do cinema, implica em considerar a intersubjetividade e intencionalidade na apreensão da cidade e na articulação de suas múltiplas expressões. Modos de ver as cidades no cinema: a cidade inventada pelo cinema, a cidade imortalizada pelo cinema e a cidade visitada pelo cinema. O universo de estudo da pesquisa é composto de 141 filmes, organizados em listagens segundo os mapeamentos: cronologia, geografia e mapa rizoma. Apresentação de um panorama estratégico de filmes/ cidades com destaque para a descrição do filme Midnight in Paris.

O Urbanismo no Início do Século XX: a Escola Francesa e suas Repercussões no Brasil. Trajetórias Profissionais de Alfred Agache e Attílio Corrêa Lima no Período entre 1925-1945.

Autor: Costa, Milena Sampaio da

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Resumo: O presente trabalho levanta as trajetórias profissionais de Alfred Agache e Attilio Corrêa Lima com base em suas experiências na França e no Brasil. Acredita‐se que a atuação, aqui no Brasil, de profissionais estrangeiros e de brasileiros, formados em Urbanismo na França, foi fundamental para a materialização dos conceitos emergentes do urbanismo nos planos e projetos realizados para cidades brasileiras nas décadas de 1920 a 1940. A transferência desses conceitos e conhecimentos contribuiu, direta ou indiretamente, para o florescimento do urbanismo como disciplina acadêmica no Brasil. Debruça‐se o olhar também sobre a formação do pensamento urbanístico na França e o diálogo com outros saberes como as Ciências Sociais, o que permitiu melhor analisar o conteúdo das ideias transmitidas por esses profissionais.

A Contradição Em Processo: O Discurso e Prática Relativa à Habitação Popular na Gestão Eduardo Paes

Autor: Bastos, Paulo

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Resumo: A reestruturação do capitalismo e a adesão ao ideário neoliberal têm impactado, nos últimos quarenta anos, de forma contundente, os territórios das cidades brasileiras, privatizando espaços e retirando direitos de suas populações. A presente Tese busca colaborar com esta discussão e, neste sentido, apresenta uma análise das contradições entre o discurso e a prática relativa à habitação popular, observadas durante a gestão Eduardo Paes (2009- 2017) no Rio de Janeiro. Estabelecido através de leituras de autores como Lefebvre, Harvey, Santos, Maricato, Vainer, Bienenstein, G., Bienenstein, R., Sánchez, Carlos, dentre outros autores, o trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisas junto a órgãos e documentos públicos, escritórios de arquitetura, mídia, movimentos sociais, além de entrevistas com diferentes atores. A fim de aprofundar a discussão sobre o tema proposto, analisamos criticamente o programa Morar Carioca, lançado em 2009, primeiro ano do governo Paes, mas somente oficializado em 2012. O programa seria, segundo a prefeitura, a política destinada à urbanização e habitação voltada para as populações de baixa renda e tinha como objetivo final atender a todas as favelas da cidade até o ano de 2020. Ao longo deste trabalho, observamos que os investimentos e resultados desta ação foram aquém do prometido, sendo o programa federal Minha Casa Minha Vida a principal alternativa das camadas mais pobres da cidade para se adquirir moradia. Paradoxalmente, além de não conseguir cumprir nesta área o anunciado, o governo municipal produziu ainda maior contradição ao promover uma política de desapropriações e remoções em grande escala, estimulada por interesses privados e legitimada, em parte, pelas realizações de megaeventos. Pretendemos, ao final deste trabalho, demonstrar que, após este período, a cidade do Rio de Janeiro está ainda mais segregada sócio espacialmente e sua população vivencia maiores obstáculos para garantir o seu direito à cidade. Porém, a implementação deste modelo não é feita sem críticas, já que grupos e movimentos organizados a contestam através de suas práticas.

Anatomia Urbana: A Cidade na Poética de Pedro Nava

Autor: Portes, Raquel von Randow |

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Resumo: A tese intitulada ‘Anatomia urbana’ aborda a significativa interface entre arquitetura e literatura, com ênfase nas questões sobre o patrimônio cultural urbano, através da obra de Pedro Nava, autor do gênero memorialístico, conhecido como o “poeta bissexto”, pertencente ao século XX e integrado ao panorama brasileiro da literatura moderna. Sob o olhar de Pedro Nava, caminhante atento e escritor minucioso, nós, leitores, somos levados a percorrer as diferentes escalas e os espaços de memória do autor nas cidades em que viveu – Juiz de Fora, Belo Horizonte e Rio de Janeiro – através da composição de um enredo cuidadosamente projetado, considerando a experiência do corpo e a memória que vem à tona através dos sentidos. Propiciadora de uma experiência urbana forte e criadora, a leitura sobre as memórias de Nava faz (re)surgir, através do aporte material e imaterial de nossas lembranças, lugares, caminhos, cheiros e gostos que compõem os espaços urbanos de nossas “cidades sensíveis”, onde encontramos o elo entre o passado e o presente.

"Sentir Através De": O Ensino do Desenho de Observação na Arquitetura e Urbanismo à Luz da Fenomenologia da Percepção

Autor: Lopes, Ricardo Ferreira

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Resumo: Esta tese tem por objetivo investigar possíveis alternativas estratégicas para o ensino do desenho de observação na arquitetura e urbanismo à luz da Fenomenologia da Percepção. Constata-se uma significativa mudança no pensamento e no comportamento das novas gerações de alunos ingressantes nas universidades, inseridas em uma cultura cada vez mais tecnológica e imagética, afetadas incessantemente por imagens visuais. As experiências vivenciais necessárias ao amadurecimento cognitivo estão se fundindo à velocidade e simultaneidade. A mudança no paradigma representacional implica em novas atitudes no âmbito da docência do ensino superior, o que incide no exercício de reflexão sobre outros caminhos para o ensino desta competência. Em oposição ao pensamento representacionista, argumenta-se a favor de um ganho cognitivo no aprendizado do desenho, ao promover atividades que primam pela produção de “imagens multissensoriais”, i.e. tomadas tanto na sua dimensão do sensível, quanto no campo da interpretação e da construção de novos significados possíveis. Emerge, pois, um desenho proveniente de sensações mediadas pelo corpo, memória e imaginação, sem se limitar à representação do quadro perspectivo abstrato, exterior e unicamente compromissado com a realidade visiva. Com efeito, priorizou-se por uma conduta de suspender preconceitos estéticos nos discentes, entendendo que estes, naturalmente associam a prática do desenho ao compromisso de descrição gráfica mimética do real. O desenho é compreendido como um meio dinâmico e ativo de se afetar, interagir e construir um sentido de mundo. A metodologia adotada envolve uma revisão teórica, histórica e filosófica, bem como estabelece uma análise fenomenológica, a partir de discursos apreendidos por meio da pesquisa-ação. A fim de confrontar o ensino do desenho tradicional com a abordagem pretendida, algumas experiências foram realizadas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (FAU-UFJF), Minas Gerais-MG, Brasil. Por fim, são aventadas algumas proposições embasadas na abordagem proposta, de forma direcionar os alunos para uma visão mais sensível em relação aos espaços arquitetônicos, urbanos e paisagísticos.

Cittaslow e o Devir da Cidade-Lenta: da Fenomenologia Arquitetônica ao Lugar do Urbanismo Ecológico.

Autor: Carvalho, Rubens Moreira Rodrigues de

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Resumo: Esta tese trata da importância do conceito de lugar para a arquitetura e o urbanismo, notadamente em sua mediação na relação homem-mundo natural, a partir da iniciativa Cittaslow. O Cittaslow é tanto um movimento cultural, quanto uma proposta de qualificação do planejamento urbano e da governança local com base na valorização da identidade local e nos princípios da ecologia e do bem-estar. Surgiu na Itália, ao final dos anos 1990, com o intuito de levar a filosofia do Slow Food para a escala da cidade e, hoje, constitui uma iniciativa estruturada em função de uma rede internacional de pequenas cidades, com atuação em 30 países diferentes no mundo. Muitos autores o descrevem como uma alternativa de desenvolvimento sustentável que tem o lugar (o contexto local) como aspecto central para a sustentabilidade. Desse modo, a noção de lugar que nos interessa não é aquela objetiva, locacional e materialista, que remete às manifestações da arquitetura e do urbanismo no modernismo, mas, sim, a noção de lugar significado, que ganha corpo nos debates teóricos e intelectuais da arquitetura e do urbanismo na segunda metade do século XX,contexto do pós-modernismo. Nosso foco, portanto, é a chamada “fenomenologia arquitetônica”,corrente pós-moderna que mais se aprofunda no estudo do lugar enquanto base material e cultural do construir e do habitar (de Heidegger). Enquadramos, assim, o Cittaslow como uma manifestação tardia dessa corrente que toma o lugar como centro de significados e receptáculo de memórias, e que o correlaciona, ainda, com a ecologia na construção da sustentabilidade. Entendemos, tal com proposto pelo Cittaslow, que o sentido de lugar está significativamente ligado à ecologia, uma vez que estar atento aos aspectos do lugar significa considerar a relação do homem com sua cultura, mas também com o ambiente, a natureza e suas dinâmicas. Nosso objetivo, por fim, é fomentar debates acerca da importância do lugar para a arquitetura e o urbanismo e, de modo específico, contribuir para a construção de uma alternativa ecológica que permita a formação de ambientes plenos em saúde e, também, em significados. Com isso, desejamos corroborar para a divulgação do Cittaslow no Brasil, ajudando a tornar mais conhecido o movimento, sua proposta e suas ações, para, assim, abrir caminho para as primeiras “cidades-lentas” brasileiras. Palavras-Chave: Cittaslow. Lugar. Urbanismo ecológico. Fenomenologia arquitetônica. Identidade local. Bem-estar.

Caminhos que Levam à Cidade - O Protagonismo do IAB na Política Urbana Brasileira

Autor: Leite, Vera Lucia Sanches França e

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Resumo: O ritmo acelerado de crescimento da urbanização brasileira, a partir dos anos 1950, e o posterior agravamento das condições de vida nas grandes cidades, e no seu entorno, após o período do Milagre Econômico, colocaram a questão urbana e habitacional na agenda do Estado e da entidade representativa dos arquitetos brasileiros – o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), preocupados que estavam com o fenômeno urbano e suas consequências práticas no quotidiano de suas populações. Em continuidade a reflexões iniciadas em 1987, por ocasião do mestrado em Planejamento Urbano, na Universidade de Brasília, quando defendida a dissertação, intitulada A Legislação Federal para o Desenvolvimento Urbano – uma análise crítica do Projeto de Lei 775/83, nos permitiu identificar, em documentos da instituição representativa dos arquitetos brasileiros – o IAB, formas de abordagem e de expressão, posturas políticas, acordos e nuances de procedimento, algumas vezes com repetidas semelhanças, praticadas por lideranças políticas, quer da sociedade civil organizada quer de seus representantes no Parlamento, que se evidenciaram nos debates, tramitação e aprovação de instrumental jurídico, capaz de disciplinar e orientar o crescimento urbano em curso. Diante de tais constatações outros questionamentos e indagações emergiram que, se para alguns podem parecer episódicos e eventuais, no nosso entender revestem-se de extrema pertinência, por se tratar de informação substantiva ao esclarecimento das origens e do desdobrar das ações direcionadas a oferecer respostas ao desenvolvimento urbano e à moradia no Brasil. Esse trabalho tem como intuito esclarecer o presumido papel de vanguarda exercido pelo IAB, como ator político-profissional para o equacionamento da questão urbana brasileira, bem como averiguar a conduta e os procedimentos adotados pelo órgão de representação dos arquitetos brasileiros, em diferentes momentos de sua trajetória e, mais precisamente no período que se estende de 1953, por ocasião do III Congresso Brasileiro de Arquitetos, a 1988, quando da promulgação da Nova Carta Constitucional Brasileira.

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