Dissertações 2020

Caminhabilidade para todos? A caminhabilidade em diferentes contextos da cidade do Rio de Janeiro.

Autor: PAGANO, Andreia Santos.

 

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Resumo: Estudos recentes sobre caminhabilidade foram produzidos com intuito de alertar para as condições do ambiente construído e a importância da mobilidade ativa nas cidades contemporâneas. Definições de caminhabilidade estão condicionadas à qualidade dos espaços públicos e o quanto esses espaços são aptos para a experiência e deslocamento dos cidadãos. Entretanto, essa qualidade e aptidão não são necessariamente distribuídos de forma homogênea no espaço urbano. Dessa forma, diferentes grupos sociais podem ter privilégios distintos de localização na cidade, impactando seus modos de apropriação do espaço, cotidiano e bem-estar. Investimentos de governos locais em espaços públicos podem ainda influenciar o cenário da caminhabilidade, incluindo a construção de espaços públicos qualificados, a implantação de sinalização viária e mobiliário, ciclovias e ciclofaixas. Entretanto, esses investimentos podem potencializar desigualdades na ação do Estado – fatores que interferem no uso e quantidades de pedestres nas ruas, bem como na vitalidade desses espaços. Este estudo examina a possibilidade de bairros com rendas distintas terem níveis de caminhabilidade também distintos, motivados pela sua localização e rendas médias de seus moradores. Nesse sentido, indicadores de caminhabilidade tornam-se potencialmente úteis para avaliar áreas urbanas, e assim medir a qualidade de seus espaços. A presente pesquisa analisa alguns dos principais índices de caminhabilidade existentes, a fim de verificar os mais referenciados nos estudos sobre mobilidade a pé. Como ponto de partida para criação de um Índice de Caminhabilidade (IC) que considere a relação entre ambiente construído e renda, a dissertação utiliza o índice desenvolvido pelo ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento), mantendo pontos primordiais em relação ao ambiente do pedestre, porém com adaptações no intuito de reduzir o número de indicadores e facilitar sua aplicabilidade. A abordagem proposta envolve o exame da relação entre renda e valores de caminhabilidade obtidos pelo IC, incluindo fatores referentes à qualidade de espaços, acessibilidade e presença de pedestres. O método foi aplicado em três bairros da cidade do Rio de Janeiro, selecionados a partir do seu rendimento nominal mensal (IBGE, 2010), levando em consideração a densidade de área construída (Coordenadoria Geral de Planejamento Urbano – CGPU, 2013). A escolha dos segmentos de rua de cada bairro incluiu diferentes níveis de acessibilidade, mensurados via ferramentas de análise da Sintaxe Espacial (SE). A análise de campo envolveu também a contagem de pedestres (CP). Através de correlações entre os dados, o estudo aponta aspectos de baixa caminhabilidade em bairros com alta renda, evidenciando a complexidade do ambiente construído para se caminhar. Sugere ainda a necessidade de avaliar a acessibilidade urbana em um sentido mais amplo, como possível influência no desejo e facilidade de deslocamento a pé pela cidade.

Representação e fragmentação do espaço urbano: uma perspectiva sobre o Morro do Palácio, Niterói

Autor: PEREIRA, Angelo Fernando.

 

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Resumo: Ao longo do século XX, projetos urbanísticos do Centro à Zona Sul de Niterói têm produzido aterros junto à Baía de Guanabara, como, criado ícones da arquitetura urbana nessa parte da cidade. Artífices dessas transformações, os agentes públicos e o capital imobiliário promoveram as condições para o estabelecimento da city marketing na cidade, produzindo espaços urbanos privilegiados, como a construção do Caminho Niemeyer. Inserido nesse espaço e resistindo ao fenômeno de remoção de favelas na orla de Niterói, entre os anos 60 e 80, o Morro do Palácio está omitido nos mapas da cidade, escondido na paisagem pela verticalização edilícia da orla e tem sua imagem rotulada como espaço de violência e problemas socioambientais. A falta de representação e significação de lugares tem levado a cidade a uma fragmentação do seu tecido urbano. A agenda política do binômio globalização – neoliberalismo tem imposto uma dinâmica social excludente na produção do espaço das cidades.

Ascensão e declínio da indústria da loucura na cidade de Juiz de Fora – MG: uma análise das suas implicações urbanas

Autor: DUQUE, Camila da Cunha.

 

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Resumo: A cidade de Juiz de Fora, MG formou na década de 1960, em conjunto com as cidades mineiras de Belo Horizonte e Barbacena, o que ficou conhecido como “corredor da loucura”. Nessas cidades se concentrou uma grande quantidade de instituições psiquiátricas, a chamada “indústria da loucura”. Com o advento da Reforma Psiquiátrica essas instituições foram desativadas. A Reforma foi um movimento internacional de desinstitucionalização, que no Brasil deu origem à mudança de política pública de saúde, consagrada na Lei 10.216/2001, que trata da proteção e dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais, ao mesmo tempo em que dispõe sobre o fim do modelo de tratamento tradicional centrado na figura do manicômio. Esses dois processos parecem ter impactado a cidade de Juiz de Fora e a região. Há certamente uma farta bibliografia a respeito da temática da reforma psiquiátrica. Contudo, parece não haver pesquisas que relacionem a reforma psiquiátrica à questão urbana, centrada nos reflexos socioespaciais da implantação e da desativação desses equipamentos. A dissertação investigará como essas transformações envolvem o município, tanto no processo de ascensão, quanto no declínio da cidade como polo manicomial e a mudança de tratamento de saúde mental, além das consequências dessa mudança para o grupo social diretamente assistido. Com esse objetivo o trabalho buscou identificar as causas que levaram a região mineira a se tornar polo de tratamento manicomial e qual o panorama urbano atual, uma vez implementada uma rede de assistência substitutiva. Para tanto, a pesquisa se estrutura em três grandes eixos: o primeiro que corresponde ao processo da mudança de política de saúde pública no Brasil e no mundo, o segundo que é referente as transformações urbanas na cidade de Juiz de Fora e o terceiro, e último, que se refere aos impactos na realidade do paciente. O estudo conclui que a desativação do sistema manicomial e a implementação da nova rede implicaram em transformações econômicas, sociais e urbanas e em novas práticas inclusão sócio urbana dos ex-internos, envolvendo novos trajetos entre equipamentos de saúde e a exposição frequente ao espaço da cidade. Essa reintegração indica a possibilidade de novas práticas que fazem uso do meio urbano como forma de estabelecer dinâmicas de circulação e de experiências mais plurais e inclusivas.

Avaliação de materiais urbanos na melhoria do conforto térmico no bairro de Jardim Catarina em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Autor: BUCK, Carlos Roberto Barbosa.

 

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Resumo: O estudo dos materiais que constituem o meio urbano – construções, pavimentação, arborização e áreas verdes – e sua efetividade na redução da temperatura nas cidades é o problema desta pesquisa. O estudo será aplicado em uma quadra situada no Bairro de Jardim Catarina em São Gonçalo. O Município de São Gonçalo possui uma população de mais de um milhão de habitantes – 1.084.839 pessoas em 2019 (população estimada) – e densidade demográfica de 4.035,90 hab./km², maior que o município vizinho Niterói com 3.640,80 hab./km² (IGBE). A proposta discute estratégias de redução de temperatura que possam ter aplicação prática para o Município e demais cidades tropicais. Os procedimentos metodológicos do trabalho se baseiam em revisão de literatura (clima urbano, arquitetura bioclimática e propriedades termofísicas dos materiais) e simulação microclimática computacional com o Programa ENVI-met versão 4.4.3. Foi estudado as características termofísicas dos materiais construtivos urbanos como absortividade, transmissividade, refletividade, emissibilidade, calor específico e condutividade térmica e também os processos de transmissão de calor: condução, convecção e radiação. Foram realizados 2 blocos de simulações. Primeiro fez-se simulação com oito cenários. Foram criados seis (6) cenários, cinco hipotéticos e um cenário controle (C0) que simula a situação atual do ambiente. Nestes cenários variou-se a arborização, material de pavimentação, material de fachadas e material de coberturas, utilizando estratégias isoladas e combinadas. A estratégia correspondente ao Cenário 7 (C7: combinação de C1-pavimento claro – com C2 – arborização) foi a que atingiu as menores médias de temperatura do ar – 30ºC, seguida da estratégia do Cenário 5 (C5: coberturas vegetadas) com 30,13ºC resultando numa redução de 1,13 ºC e 1,0 ºC respectivamente. No segundo bloco de simulações as estratégias de arborização (CN1), pavimentação clara (CN3) e cenário combinado (CN5) se destacaram na redução da temperatura externa. As estratégias de redução de temperatura aplicadas nos cenários, são estratégias de resfriamento passivo que podem ser aplicadas em ambientes urbanos já consolidados sendo também úteis para a aplicação em novas cidades ou loteamentos urbanos.

Requalificação de vazios urbanos para fins de habitação social na avenida brasil, na cidade do Rio de Janeiro: limites e perspectivas para intervenções em ruínas fabris

Autor:TEIXEIRA, Dora Nathália de Oliveira Mesquita.

 

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Resumo: Essa Dissertação apresenta o estudo elaborado a partir de pesquisa de natureza aplicada com o objetivo de gerar subsídios para a implementação de políticas públicas que indiquem possíveis soluções para a questão das ocupações organizadas de imóveis, originalmente de uso industrial abandonados, por razões diversas – crise econômica, violência urbana, etc. O trabalho se detém, especificamente nos espaços fabris, localizados na Avenida Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, no trecho compreendido pela Área de Planejamento 3 (AP 3) que, a partir de um processo de esvaziamento de suas funções produtivas originais, converteram-se em ruínas industriais, e que posteriormente, foram objeto de ocupação para fins de moradia. Este trabalho se desenvolveu a partir de fontes primárias e secundárias, construindo hipóteses acerca das motivações para as ocupações em plantas fabris.Ao longo do trabalho foram desenvolvidas entrevistas com moradores de ocupação na cidade do Rio de Janeiro, agentes do Poder Público e privado que concerne ao contexto do mercado imobiliário da região. A análise da pesquisa possibilitou a abordagem de diferentes experiências, buscando compreender através de seus relatos o processo multifacetado que produziu espaços como esses, reaproveitando-se de ruínas de antigas fábricas e adaptando-se para fins de moradia. Também foram analisadas as práticas dos atores sociais envolvidos e as suas interações, na medida em que, desenvolvem formas de ordenamentos da ocupação e a ação do Poder Público nesses espaços. Com este trabalho, como afirmamos anteriormente, pretendemos contribuir com elementos que fomentem futuras políticas para a abordagem dessa questão relevante.

Criminalidade e espaço urbano: uma análise das redes de relação entre tipos de crime, vítima e localização espacial no Rio de Janeiro

Autor: VENTORIM, Fernanda Careta

 

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Resumo: A criminalidade urbana é tida como um dos problemas mais graves em países em desenvolvimento. Particularmente em contextos de forte desigualdade social, como no Brasil, as atividades criminosas parecem afetar a vida das pessoas de maneira generalizada, ignorando contornos geográficos, econômicos ou sociais. No entanto, uma leitura mais rigorosa do problema da criminalidade pode iluminar os modos como ela se acentua em função de fatores específicos, como os tipos de crime, as características pessoais das vítimas – sexo, idade, raça – e as localizações das ocorrências criminais no espaço urbano. Considerando essas condições de reprodução da violência, a presente pesquisa coloca as seguintes questões: tendo em vista o aparente agravamento da violência nas cidades brasileiras nas últimas décadas, como os diferentes tipos de crimes ocorrem e se distribuem no espaço urbano? Existem características espaciais específicas? E em relação às vítimas, existem características pessoais associadas aos tipos de crimes ou às localizações? Haveria similaridades e associações entre estas distribuições? A presente pesquisa busca responder essas perguntas por meio da busca de padrões territoriais da criminalidade na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a fim de entender como a localização espacial das pessoas pode influenciar na sua propensão em ser vítima de um crime. Para tanto, utiliza dados referentes aos boletins de ocorrências criminais em todos os bairros da cidade, fornecidos pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), entre os anos de 2007 e 2018. A hipótese é a de que essas relações não sejam aleatórias, mas envolvam padrões de conexão entre certos tipos de crime, características das vítimas e a localização das ocorrências, distribuídas de acordo com características espaciais e de renda. Essa distribuição heterogênea tornaria certos grupos sociais mais suscetíveis a tipos específicos de crime. Investigo esse processo por meio de uma estrutura de redes complexas que é capaz de agrupar ocorrências criminais semelhantes de acordo com o perfil das vítimas e as características das ocorrências. A partir desses agrupamentos, averiguei que existem associações entre tipos de vítimas, tipos de crimes e tipos de localizações. Como ilustração, identifiquei que nas áreas segregadas, onde a renda é menor, as principais vítimas foram mulheres negras ou pardas, que sofreram violência dolosa; enquanto que nas áreas mais centrais, em que a renda é um pouco maior, as principais vítimas são do sexo masculino e de raça branca, que registraram crimes de cunho culposo.

A cidade e os afetos micro histórias urbanas do caminhar

Autor:Dias, Fernanda Pacheco

 

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Resumo: Este estudo parte da premissa de que uma cidade é produto de múltiplos agentes e processos espaciais e, sobretudo, dos modos de viver de seus habitantes. Compreender o funcionamento das cidades significa também compreender o comportamento das pessoas nas cidades e toda a teia de ações e relações que moldam o espaço urbano. Aos urbanistas faz-se necessário conhecer as cidades e suas relações – do micro ao macro – antes de impor um projeto ou planejamento arbitrário. Nesse sentido, este estudo considera o caminhar urbano como um tipo de prática cotidiana, na escala micro, e ainda, um dispositivo que intermedeia relações entre o corpo das pessoas e o corpo das cidades. Tais relações corpóreas podem ser estudadas a partir dos afetos entre os corpos afetados. Nesta dissertação, será abordado o tema da cidade e os afetos, especificamente o “como” acontecem tais relações afetivas a partir da prática do caminhar urbano. Parte-se da hipótese de que este processo de afetação é recíproco, ou seja, por um lado a cidade afeta as subjetividades do indivíduo caminhante, construindo memórias e interferindo nas suas ações e escolhas no espaço público e, por outro lado, os usos e apropriações do espaço, bem como a memória coletiva, também podem afetar as cidades modificando ou reforçando significados dos espaços. A metodologia da pesquisa combina três procedimentos de caráter qualitativo: a deriva, a entrevista-caminhada e a leitura espacial segundo o conceito de sedimentação dinâmica. Parte-se do entendimento de que o recorte espacial escolhido, o bairro centro do Rio de Janeiro, e seus usuários engendram relações únicas que não podem ser generalizadas para outras espacialidades. O conceito de micro história entende a particularidade daquilo que é visto, sentido, afetado, tanto por um corpo-pesquisador quanto por outros corpos aqui representados.

Programa Minha Casa Minha Vida, mercado e infraestrutura urbana: repercussões para o trabalho do assistente social.

Autor:PASSOS, Jackeline Sampaio.

 

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Resumo: Esta dissertação tem como objetivo pesquisar sobre o trabalho do assistente social como componente da equipe de Trabalho Social no Programa Minha Casa Minha Vida no município de São Gonçalo- RJ. O objetivo é buscar compreender os desafios que se impõe sobre o fazer do Assistente Social no referido Programa Habitacional, que se constitui sob uma lógica produtivista de novas unidades habitacionais, construindo empreendimentos em áreas afastadas das áreas centrais e muitas das vezes, desprovidos de equipamentos públicos em seu entorno, contribuindo para a segregação social das famílias contempladas com as unidades habitacionais do Programa. Para tanto, a pesquisa refletiu sobre o problema da habitação, apontando que este constitui-se como um pilar do sistema capitalista, abordou o conceito de moradia adequada e segregação espacial urbana. Ainda foi traçado um percurso do trato dado pelo Estado para o problema da habitação no contexto brasileiro, onde é possível perceber uma intervenção inicialmente de cunho higienista e buscando atender muito mais os interesses da classe dominante em detrimento da classe trabalhadora na provisão de moradia adequada. Em seguida, apresenta-se como se deu historicamente a inserção dos assistentes sociais na habitação e na política urbana. No último e terceiro capítulo a pesquisa versa sobre as características sociais e espaciais do Município de São Gonçalo e problematiza a inserção dos condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida no mesmo. Através das entrevistas realizadas às assistentes sociais que atuam e atuaram no trabalho social nos condomínios do PMCMV busca-se compreender os limites de atuação deste profissional nesse espaço ocupacional. A pesquisa revelou que a concepção mercadológica do referido Programa Habitacional e a produção desigual do espaço urbano repercutem diretamente no fazer profissional do assistente social que interfere na realidade social através da intermediação de direitos.

Espaços livres públicos no espaço urbano periférico: práticas políticas, apropriação social e subjetividades em São Gonçalo (RJ).

Autor: ARAÚJO, Jefferson Tomaz de.

 

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Resumo: Os espaços livres públicos são elementos essenciais às práticas socioculturais, políticas e ambientais no espaço urbano. Entretanto, diante da agenda urbana neoliberal, esses espaços são imersos em condições complexas que comprometem seu papel na democratização da cidade contemporânea. Em São Gonçalo/RJ, os processos de urbanização historicamente excludentes, as práticas oportunistas do Estado e as dinâmicas mercadológicas alimentam a acentuação da precariedade dos seus espaços livres públicos. Nesse sentido, os recorrentes casos de sucateamento, supressão e privatização de praças sugerem a construção de múltiplas subjetividades no espaço urbano periférico. Estudos de epistemologias distintas demonstram a precariedade dos espaços livres públicos nas periferias brasileiras, bem como, a espontânea reinvenção do espaço pelos sujeitos periféricos, assumindo aqueles espaços como elementos repletos de simbolismo e complexidade na periferia. Contudo, a literatura apresenta lacunas referentes à investigação das ações arbitrárias do Estado, das dinâmicas neoliberais e da influência dos processos históricos da urbanização periférica como condicionantes de possíveis especificidades nos modos de apropriação social dos espaços livres públicos. Esta dissertação, portanto, debruça-se sobre essas questões a partir de um estudo empírico utilizando um método misto com observações de campo e entrevistas estruturadas. A pesquisa aponta que espaços livres públicos periféricos refletem a manifestação política das necessidades básicas de sujeitos oprimidos pelo poder simbólico do Estado no âmbito de uma urbanização historicamente excludente. Na era neoliberal, o espaço livre público periférico é configurado por uma multiplicidade de ações, intencionalidades, apropriações e resistências particulares que o transformam em um espaço polissêmico e polivalente diante da fase atual do capitalismo na cidade contemporânea.

O ateliê de projetos em tempos tecnológicos: o caso da EAU/UFF E FAU/UFRJ

Autor: QUEIROZ, Joana Costa De Miranda.

 

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Resumo: Nas duas últimas décadas, com a influência dos computadores no campo da arquitetura e do urbanismo, o arquiteto tem enfrentado um cenário de evolução tecnológica intensa e volátil que imprime em suas práticas de projeto profundas transformações. As instituições de ensino superior de arquitetura e urbanismo tentam acompanhar essa evolução. No entanto, têm apresentado indícios de defasagem em relação às novidades tecnológicas no que tange o ensino de projeto. Esta pesquisa busca analisar a inserção dos recursos digitais nas atividades de projetação arquitetônica no contexto do ensino superior e, assim, contribuir para a discussão sobre o papel da universidade na alfabetização digital do estudante em prol de uma formação profissional consonante com a realidade contemporânea. As considerações de caráter metodológico foram quantitativas e qualitativas e, como método, foi adotado o Estudo de Caso. Fazem parte dos principais recortes dessa pesquisa: a Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro como recortes geográficos; o período entre 2009 e 2019 como recorte temporal; os ateliês de projeto foram considerados como cenário, os professores e alunos como população e; por fim, os programas digitais que serão analisados como ferramentas de apoio ao projeto foram o AutoCAD e o Revit. Para criar o embasamento teórico e identificar os elementos que pudessem consolidar a abordagem da pesquisa foi realizado o levantamento bibliográfico, com a ampliação contínua ao longo do estudo. Quanto a pesquisa empírica, a coleta das informações foi feita por meio de registros fotográficos, aplicações de questionários on-line e entrevistas in loco. A consolidação da análise e interpretação dos resultados da pesquisa foi realizada por meio dos dados coletados pela pesquisa empírica intercalados com o discurso dos respondentes e dos autores que foram consultados para embasamento da pesquisa teórica. Como resultado da pesquisa foi constatada que a defasagem de inserção tecnológica não é exclusiva somente às instituições foco de análise, mas abrangem o contexto nacional e internacional de ensino superior de arquitetura e urbanismo.

A dinâmica dos espaços residuais na cidade contemporânea: o caso da cidade nova e arredores.

Autor: SOUZA, Karina Martins de.

 

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Resumo: Esta dissertação é um estudo sobre os espaços residuais como áreas abandonadas embaixo de viadutos, espaços públicos sem manutenção ou sem investimento por autoridades governamentais e edificações abandonadas em decorrência do entorno decadente. Esses espaços, que permeiam a cidade, são considerados “sobras” de ações infraestruturais e/ou, espaços percebidos como não inseridos na dinâmica urbana, sendo vistos, em alguns casos, como uma patologia contemporânea. Eles têm se tornado um desafio urbano cada vez maior, devido ao intenso processo de migração do campo para a cidade na segunda metade do século XX, às rápidas mutações da atualidade e por se apresentarem como espaços urbanos disponíveis em estruturas urbanas consolidadas. São espaços de potencialidades e possibilidades em contraposição com a cidade das certezas. Qual é a implicação dos espaços residuais para a estrutura das cidades? O processo de ressignificação de espaços urbanos devido aos ciclos de destruição e criação presentes nas cidades faz com que os espaços residuais, principalmente os conceitos correlatos, se tornem recorrentes nos discursos sobre as problemáticas presentes atualmente. Temas que abordam espaços que “sobram” na estrutura da urbe se apresentam, sobretudo, relacionados ao urbanismo de fragmentação e ao urbanismo tático, em diversos países e culturas. Isso suscita a hipótese de uma relação de articulação entre esse tipo de espaço, a cidade e os agentes que produzem a mesma, presumindo a existência de espaços residuais como algo inerente à dinâmica urbana, através de possíveis aspectos que se pretende reconhecer. Contudo estes discursos, em sua grande maioria, limitam-se a identificar o surgimento e a presença desses espaços e a propor possíveis intervenções que possam vir a dá-los usos na dinâmica urbana, voltados para a população local. Pouco se sabe sobre a relação deles com a morfologia, sua existência como possíveis usos estratégicos ou sobre suas, já existentes, destinações de usos em função de apropriações ou da falta delas ao longo do tempo. Por se tratar de um assunto recentemente abordado no meio acadêmico e profissional, não há ainda uma metodologia que ajude na identificação dos espaços residuais e na compreensão de suas principais características. O que são essencialmente esses resíduos urbanos? Qual seria a condição mais adequada para cada um deles? Diante disso, o trabalho pretende compreender o que são os espaços residuais, através de uma construção conceitual e de uma análise para compreensão de suas funções dentro da estrutura urbana na cidade do Rio de Janeiro, que auxiliem a identificar aspectos e singularidades desses espaços. Para tanto, haverá uma pesquisa sobre a região do bairro da Cidade Nova e imediações: área central da cidade repleta de resíduos sem motivos evidentes para a sua existência, que possui parte consolidada e parte passando por um novo processo de consolidação, representando ciclos de destruição e criação urbana.

Fragmentos do cotidiano: o arruinamento do patrimônio e das memórias da Gamboa/RJ

Autor: SANTOS, Natália Silva Araujo dos.

 

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Resumo: As edificações de interesse patrimonial apresentam importância como registro histórico e exercem também papel como suporte para memórias daqueles que convivem com elas no cotidiano. Um mesmo elemento pode remeter diferentes memórias para grupos sociais distintos, tendo para cada um deles um significado e um valor. Mas este patrimônio, ainda que arruinado, estaria sendo percebido como suporte de memórias cotidianas, assim como sugere a literatura? A hipótese que se pretende testar é se com o arruinamento do patrimônio, as memórias cotidianas associadas a ele também seriam perdidas. Como área para verificação empírica foi escolhido o bairro da Gamboa, localizado na região portuária da cidade do Rio de Janeiro. Essa região apresenta relevância histórica para o desenvolvimento da cidade, tendo passado por diversos períodos da evolução urbana. Recentemente, a região passou por grandes transformações urbanas com o Projeto Porto Maravilha. Seu patrimônio, preservado pela APAC SAGAS, instrumento da prefeitura de proteção criado na década de 1980 com a participação popular, encontra-se malconservado mesmo após as intervenções na área, estando muitos exemplares em estado de ruína. Utilizando métodos da antropologia urbana, com inspirações etnográficas, buscou-se através de conversas com moradores antigos verificar de que forma as ruínas afetariam suas memórias. Foi constatado, que a proximidade com as ruínas interfere nas memórias evocadas. Mas foi observado também que mais que servir como um suporte de memórias, o patrimônio arruinado é capaz de afetar aspectos subjetivos, como a relação espaço-indivíduo, ou seja, a ambiência urbana. Os indivíduos imersos em lugares com presença marcante de ruínas, percebem o bairro como decadente, não detectando valor nas mesmas. Os resultados sugerem que a aparente decadência pela qual a Gamboa passa é uma percepção localizada em certas frações do bairro, nas quais as ambiências apresentam contato mais íntimo com as ruínas. E, portanto, pode-se pensar em estratégias locais para os problemas apontados pelos entrevistados, como falta de moradores, consumidores e de atividades.

Paisagens urbanas contemporâneas: a dinâmica da sustentabilidade e seus impactos estéticos nas edificações e em seu entorno

Autor: BARIZÃO, Othávio Vieira. 

 

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Resumo: A arquitetura sustentável tem por fundamento prever uma melhor relação do objeto construído com o meio ambiente onde se insere, além de promover o conforto dos indivíduos que vivem nestes espaços. Sendo a arquitetura um objeto edificado, ela, somada à outras dimensões, possui implicações sobre o meio externo, estando diretamente conectada à esta paisagem urbana, da qual faz parte. Neste sentido, a presente pesquisa visa discorrer sobre a produção da arquitetura e da transformação da paisagem a partir dos impactos estéticos que o objeto construído exerce sobre a percepção dos espaços. A arquitetura se modifica e se adapta as novas condições que lhes são impostas, e, em um mundo degradado, principalmente em países pobres, tenta buscar novos meios de recuperar, ou diminuir seus impactos sobre meio ambiente. Assim sendo, as novas estruturas tendem a incorporar elementos ou materiais que originam novos conceitos e técnicas de tratamento e produção das edificações, bem como, muitas vezes, novas visualidades que se estendem à cidade. O mercado, por sua vez, a fim de superar suas expectativas de lucro, muda o homem, seus desejos e necessidades, e cria artefatos para atração de olhares destes indivíduos. Com isto, na cidade do capitalismo e do consumo, o que se observa, muitas vezes, é a produção de uma arquitetura dita sustentável que, entretanto, negligencia parte de seus conceitos para atender uma lógica de mercado, movido pela busca do maior lucro e que submete a sustentabilidade a um resultado fomentado pela promoção de uma economia da beleza. Sendo assim, considera-se importante compreender como funciona este consumo de tecnologias construtivas ditas comprometidas com a sustentabilidade e suas arquiteturas resultantes, bem como o conjunto de visualidades que surgem na paisagem urbana com a inserção do conceito sustentável, distinguindo a importância de uma estética sustentável de um esteticismo que utilize seu nome.

Cidade com criança: apropriação, mobilidade e autonomia infantil nos espaços públicos.

Autor: CORRÊA, Rachel Maciel.

 

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Resumo: Esta pesquisa trata da relação entre a configuração dos espaços livres públicos, as experiências infantis de apropriação e mobilidade urbana que proporcionam e o desenvolvimento da autonomia das crianças que as vivenciam, a partir das contribuições de Jane Jacobs, Mayumi Lima e Paulo Freire, entre outros. A pesquisa busca também compreender como a percepção ambiental infantil e as experiências precedentes das pessoas que cuidam e acompanham as crianças pelos espaços da cidade, predominantemente femininas, influenciam as práticas urbanas infantis. Para além das praças e parques, o olhar está direcionado para as ruas e os percursos casa-escola-casa, mais especificamente nos bairros de Botafogo e Humaitá, na cidade do Rio de Janeiro.

Megaeventos, imagem e promoção imobiliária: a apropriação do city marketing por incorporadores no Porto Maravilha, Rio de Janeiro.

Autor: ROPPA, Vitor Fontes.

 

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Resumo: Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 foram tratados como uma grande oportunidade de renovação da imagem do Rio de Janeiro, com a produção de novos símbolos e reconfiguração dos espaços urbano e social, possibilitadas por meio de grandes obras, que por sua vez, trouxeram rupturas e controvérsias no contexto da cidade. Viabilizado no âmbito da preparação para o megaevento, o Porto Maravilha é, em sua essência, um projeto que objetiva a desestigmatização de uma grande área da parte central do Rio de Janeiro para atrair investimentos imobiliários, destinando-a a um estreito nicho elitista, em detrimento das necessidades da população local residente. Para isso, uma cuidadosa ressignificação imagética da área foi realizada, de modo a tornar a região atraente às elites locais, investidores e turistas estrangeiros, com a construção de uma imagem de localidade world class. Dessa forma, ao compreendermos a venda de novos empreendimentos imobiliários como, essencialmente, a venda de imagens, podemos perceber a incorporação de elementos e do discurso de renovação do Porto nos argumentos de venda por parte de promotores imobiliários, no âmbito da Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha. Não só os materiais de venda de empreendimentos foram utilizados como ferramentas espetaculares de city marketing, como eles próprios tornaram-se, em momento posterior, fortes elementos imagéticos. Estes atuam de modo a transmitir a mensagem de que, apesar de a operação enfrentar sérios problemas de iliquidez e ser apontada como um fracasso social e financeiro, a transformação do Porto, de fato, ocorreu.

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