Caio de Oliveira Barbosa - A intensificação das ilhas de calor urbanas no centro de Niterói-RJ: o impacto da legislação municipal
Autor: Barbosa, Caio de Oliveira
Resumo: O diálogo entre os diversos agentes urbanos é crucial para o enfrentamento dos desafios persistentes na busca por uma gestão urbana mais sustentável. Deste modo, este estudo investiga o impacto da legislação de uso e ocupação do solo e da geometria urbana no microclima e nas ilhas de calor urbanas em uma amostra do bairro Centro na cidade de Niterói-RJ. Apesar dos avanços normativos, como a revisão do Plano Diretor de 2019 e a implementação do Estudo de Impacto de Vizinhança, a pesquisa identificou lacunas na efetivação desses instrumentos. Assim, a hipótese central sustenta que o projeto de Lei Urbanística de Niterói de 2022 (PL 161/2022) contribui para o adensamento urbano e o aumento do desconforto térmico, intensificando as ilhas de calor urbanas. O objetivo geral é analisar a influência da legislação e geometrias urbanas no microclima, identificando os impactos do adensamento e verticalização no bairro Centro. Os objetivos específicos incluem mapear o microclima urbano e quantificar o efeito da densidade construída, considerando a verticalização proposta pela Lei de Uso e Ocupação do Solo 2022. A pesquisa utiliza o software ENVI-met 5.0 para simulações e abrange uma revisão bibliográfica sobre sustentabilidade urbana, planejamento urbano, microclima urbano e índices de conforto térmico, e acaba por revelar que o aumento de gabarito impactou variáveis como temperatura do ar, umidade relativa, velocidade do vento e índices de conforto térmico. Os resultados apontam para a necessidade de considerações flexíveis no planejamento urbano para mitigar os desafios enfrentados pelas áreas urbanas diante das mudanças legislativas, oferecendo perspectivas valiosas para a mitigação dos impactos das ilhas de calor urbanas.
Nathalia Cristina Cordeiro Stender - O Político, o público e o comum: a produção coletiva do carnaval de rua do Rio de Janeiro e a sua captura
Autor: Stender, Nathalia Cristina Cordeiro
Resumo: O presente trabalho propõe uma reflexão sobre o processo de apropriação privada que historicamente interfere na ocupação das ruas e dos territórios simbólicos das manifestações culturais do carnaval de rua do Rio de Janeiro. A partir da ideia de carnaval como um bem comum cultural coletivamente produzido, discorre-se sobre os diferentes formatos que a festa assumiu ao longo dos séculos XX e XXI, entendidos como resultantes da captura da festa em prol de interesses de agentes públicos, privados, midiáticos e comerciais. Assim, a pesquisa segue a análise de conflitos oriundos da apropriação e reconfiguração da festa ocorrida em prol de um projeto de capitalização e espetacularização das manifestações culturais na construção imagética da cidade. As distensões sofridas pelo carnaval ao longo das décadas, evidenciam as pretensões de uma cidade voltada ao turismo e ao espetáculo, com intervenções e projetos urbanísticos que, a despeito de seus objetivos, muitas vezes são subvertidos em seu uso por grupos sociais, por foliões e articuladores da festa que, embora entendam que o carnaval não se enquadra mais na festa original, persistem para que o mesmo possa sobreviver na cidade como uma manifestação popular coletiva.
Emanuela Alves da Rocha - Território e comida: acesso e produção de alimentos na cidade de Petrópolis (RJ)
Autor: Rocha, Emanuela Alves da
Resumo: A relação dicotômica entre os meios urbano e rural estabelece, no contexto do território, conflitos e imposições com consequências ecossistêmicas. Recuperando o debate da relação urbano-rural e do planejamento territorial, esta pesquisa coloca a produção e o consumo de alimentos enquanto centro da discussão acerca do urbanismo e sua relação com a segurança alimentar. Reconhecendo processos históricos, como o fenômeno urbano, a Revolução Verde e a fragmentação do território, enquanto parte dessa miríade urbano-rural e das dinâmicas ainda vigentes na sociedade e no território, o entendimento da questão da fome, em realidade e discurso, em conjunto com as políticas públicas ao longo do tempo para mitigar essa problemática encontram pontos em comum com gestão do território necessários a este estudo. Partindo da perspectiva do passado enquanto produtor do presente e da realidade de injustiça ambiental, insegurança alimentar, desigualdade e segregação que afeta as cidades brasileiras, repensar os sistemas agro-alimentares buscando sua territorialização é a direção a qual o estudo persegue ao espacializar o debate em Petrópolis, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A caracterização das dinâmicas urbano-rurais no município e a intenção de fortalecimento da sua ruralidade compõem o caráter analítico-prático desta pesquisa, ao reconhecer demandas, áreas prioritárias de atuação e ações possíveis voltadas para sistemas agro-alimentares ecológicos, enfatizando a valorização da ruralidade, os circuitos curtos de consumo e a economia local.
Virgínia Torres de Paula - Índice de (in) justiça espacial: equacionando as injustiças socioeconômicas, culturais e ambientais no território: o caso da pandemia na cidade do Rio de Janeiro
Autor: Paula, Virgínia Torres de
Resumo: Por ocasião da pandemia de Covid-19, as recomendações da Organização Mundial da Saúde de distanciamento social, uso de máscaras e medidas de higiene, embora aparentemente simples, se tornaram um desafio para a população que já vivia em vulnerabilidade social e ambiental. Uma das maiores razões para a propagação da doença pode ter sido decorrente da situação da classe trabalhadora, que não pôde fazer a quarentena e teve que continuar se expondo na rua, em seus ambientes de trabalho e utilizando transportes públicos. A partir da hipótese de que há uma relação diretamente proporcional entre a incidência de covid-19 e as condições socioeconômicas nos territórios onde as injustiças sociais estão mais presentes esta pesquisa visa aprofundar os conceitos de justiça espacial, entendida, a princípio, como a busca pela cidade justa, considerando o próprio espaço uma instância de análise das desigualdades sociais. Seu objetivo principal é a criação do Índice de (In) Justiça Espacial (IIE) que servirá como um instrumento de leitura das injustiças nas dimensões de territorialidade e de interseccionalidade. Dentro destas duas dimensões foram analisadas as categorias de desigualdade material, racismo ambiental, grau de diversidade (por raça, gênero, identificação sexual e renda) e democracia. A aplicabilidade do IIE será demonstrada comparando o índice encontrado para cada bairro com os dados de letalidade e incidência por covid-19 no ano de 2020. Através do IIE será possível verificar a existência de diferentes impactos e fazer uma análise qualitativa da situação circunstancial que a cidade vivenciou.
Felipe Gustavo Silva - A modelagem da informação da construção (BIM) como contribuição na eficiência de projetos de habitação de interesse social: uma reflexão a partir da Região Sul do Brasil
Autor: Silva, Felipe Gustavo
Resumo: Os conceitos do atendimento das necessidades habitacionais das populações de baixa renda sofreram intensa variação no Brasil desde a sua fundação como Estado Federal. A Região Sul do Brasil, de onde partem as reflexões desta pesquisa, acompanhou essa dinâmica de produção habitacional aspirando os conceitos vigentes em cada período da história brasileira. A produção de projetos por meio de representação tecnológica projetual, dentro da questão de Habitação de Interesse Social (HIS), entrou nessa dinâmica com as ferramentas CAD a partir dos anos 2000. Com o processo consolidado e incentivado pela produção em escala das grandes construtoras, proporcionada pelos projetos com representação digital, o conceito de HIS entrou na dinâmica do capital financeiro. O avanço dos estudos proporcionou o surgimento de novas metodologias de projeto e atualmente se tem a Modelagem da Informação da Construção ou Building Information Modeling (BIM), sendo um simulacro dos procedimentos construtivos, que proporciona uma enorme capacidade de gerenciar dados e informações e aproxima o projeto da materialidade pós-construção. Como objetivo desta pesquisa, busca-se a identificação das políticas habitacionais nacionais a partir da produção de HIS no Sul do país e de que maneira se dá a incorporação de BIM na eficiência em projetos. Como método de investigação, buscou-se ancorar no conceito de pesquisa histórica-metodológica, representada pelas fontes bibliográficas diretas e indiretas, assim como por entrevistas não estruturadas ou não dirigidas, com a finalidade de entender os fenômenos históricos em alguns pontos pertinentes da averiguação. De forma complementar, a pesquisa buscou na remodelagem de três conjuntos habitacionais, revelar as vantagens e limitações da Modelagem da Informação, como forma de aproximar a teoria da prática, incluindo uma análise qualitativa do processo proposto. Nesse sentido, a divulgação e apontamento do que tem sido feito em HIS e o entendimento sobre as capacidades da metodologia BIM poderiam democratizar a disseminação do conhecimento, contribuindo para direcionamentos de como pode ser aplicada na busca da eficiência de projetos nessa nova cultura e as suas potencialidades para diversos profissionais projetistas.
Luana Ferreira de Albuquerque - A contribuição da arquitetura sensorial, em shopping center, para aprimorar a experiência do novo perfil de consumidor
Autor: Albuquerque, Luana Ferreira de
Resumo: O advento da internet conjugado ao surgimento de um novo perfil de consumo provocou consequências irreversíveis ao segmento varejista no Brasil e no mundo. A chegada e o avanço do movimento e-commerce desencadearam impactos antes desconhecidos pela indústria de shopping centers, que experimentava um crescimento expressivo nos últimos anos e passou a sofrer fortes revezes com o fechamento massivo de lojas, alto índice de vacância e a redução do número de inaugurações anuais de novos empreendimentos do setor. Com os desafios trazidos pela era digital, empresas e operadoras de shopping centers têm desenvolvido ferramentas de inovação tecnológica a partir da integração entre os ambientes real e virtual, reinventado a utilização de seus espaços e repensado estratégias que garantam a sobrevivência desses complexos no futuro. É grande o empenho de empresários e investidores para assegurarem o atendimento às expectativas do consumidor, cada vez mais ávido por comodidade, interatividade e, principalmente, por experiências que o surpreenda no processo de compra. A arquitetura sensorial, e seus desdobramentos conceituais na interpretação da identidade e da memória, é objeto de estudo para viabilizar a transformação dos espaços físicos do shopping center, deixando-os mais atrativos para este novo perfil de consumidor. Algumas metodologias foram usadas para o desenvolvimento do trabalho, de caráter quantitativo e qualitativo. A pesquisa bibliográfica foi feita para uma abordagem geral dos conceitos presentes no tema. Em virtude da experiência desta mestranda no setor de Shopping Center, considera-se que nos anos em que esteve nesse segmento foi desenvolvida uma pesquisa participativa, ainda que não tivesse uma intenção, esse tempo de prática trouxe muitos questionamentos e respostas para essa pesquisa. Para entendimento do comportamento e aspirações do consumidor foi desenvolvido um questionário estruturado. A análise sobre a influência da arquitetura na percepção do cliente foi feita através de entrevista aberta e ritmanálise. E por fim, o tema sobre a influência da arquitetura sensorial também foi investigado, pelo prisma do profissional arquiteto, por meio de entrevista aberta. O tema fez uso de métodos e técnicas variados, por entender que cada assunto precisava de um olhar investigativo, já que alguns aspectos são mais subjetivos que outros. Como resultado, percebe-se que a necessidade do consumidor atual de viver uma experiência, que o comova emocionalmente, leva a arquitetura a ter um papel indispensável para empreendimentos como Shopping Center, já que este é o corpo da marca que se comunica diretamente com o consumidor. A arquitetura sensorial não é feita para os sentidos, mas sim para o “sentir”, portanto é uma ferramenta muito rica para trabalhar espaços que atinjam, de forma especial, a percepção humana. Assim, a certeza que se pode ter é que este modelo convencional de shopping center não deve permanecer, a tendência é que o shopping center do futuro seja muito mais que um centro de compras, mas um espaço de convivência e entretenimento, com ambientes que gerem identificação e novidades para o seu usuário, tornando inesquecível a sua experiência.
Yasmin de Freitas Vieira Couto - Forma urbana e preço habitacional: sistemas espaciais e econômicos em interação na cidade do Rio de Janeiro
Autor: Couto, Yasmin de Freitas Vieira
Resumo: No campo da econometria urbana, a localização é estabelecida como um aspecto fundamental na composição do preço habitacional. As diferenças existentes entre os lugares na cidade conferem a cada posição no espaço urbano aspectos únicos que potencialmente impactam o valor final de um bem imóvel. Na literatura, a abordagem à localização como condicionante do preço é bastante explorada, mas em geral não é combinada a outros aspectos como a verticalidade ou ocupação habitacional que caracterizam a heterogeneidade de vizinhanças dentro de uma mesma cidade. A presente dissertação se dedica a compreender o nexo entre a precificação residencial e aspectos da forma urbana em diferentes localidades do Rio de Janeiro. O caso é relevante em função das particularidades geográficas e sociais da cidade, onde diferentes grupos sociais se relacionam com espacialidades distintas e diferentes amenidades, graus de acessibilidade e atributos da habitação – fatores que influenciam o mercado imobiliário e moldam a ocupação residencial. Neste estudo, o método hedônico é aplicado através da decomposição da localização em qualidades espaciais medidas por métodos de morfologia e morfometria urbana em um modelo de regressão linear multivariável que mede o impacto destas características espaciais no preço final do imóvel. O modelo leva em conta diferentes atributos urbanos – desde atributos espaciais reconhecidos na literatura como a distância ao Central Business District (CBD) e a acessibilidade geral da cidade, a atributos da forma urbana e arquitetônica explorados especificamente por esta abordagem, como a altura média dos edifícios vizinhos, variação na altura dos edifícios vizinhos e a influência do entorno em diferentes escalas (da população total ao total de edifícios acessíveis em um raio topo-métrico de 500m). O trabalho considera ainda atributos contextuais aparentemente explorados pelo mercado, como distâncias em relação à praia e distâncias às favelas mais próximas das residências, bem como fatores de autocorrelação e heterogeneidade espacial nos dados.
Carolline Amaral da Silva - Processos de reconfiguração territorial orientados à luz de práticas de greenwashing: o caso do megaempreendimento turístico-residencial MARAEY e a Área de Proteção Ambiental de Maricá-RJ
Autor: Silva, Carolline Amaral da
Resumo: Com o desenvolvimento do “empreendedorismo municipal” como forma de gestão nas cidades, o interesse por produtos imobiliários atraentes para investidores tem dado à terra urbana o papel de promover o crescimento econômico nas cidades buscando mitigar os usos e formas de ocupação menos lucrativas. Acredita-se que o poder público, ao transformar a cidade em investimento, abre-se para o capital imobiliário não levando em consideração as reais necessidades da população local, contribuindo para o aumento dos conflitos internos, da desigualdade social e da urbanização informal. Descrito como “o mais atraente empreendimento imobiliário no Brasil”, o megaempreendimento turístico-residencial Fazenda São Bento da Lagoa, pretende ser inserido integralmente em Área de Proteção Ambiental. Lançado pela empresa IDB-Brasil, em 2007, atualmente modificou seu nome e discurso. O Complexo agora se chama MARAEY – nome inspirado em uma lenda indígena guarani, e se posiciona com um discurso sustentável, apresentando um projeto voltado para a inclusão das comunidades tradicionais inseridas na região, mas também chamando atenção pelo uso das histórias e cultura locais para a valorização e venda do empreendimento. Trata-se de um local onde se encontram comunidades tradicionais que não possuem garantias de posse das suas terras, e onde a própria área de proteção ambiental não possui garantia de preservação. A partir dessas questões, a presente pesquisa pretende fazer uma análise crítica utilizando uma base teórica para compreensão das certificações sustentáveis e da prática de greenwhashing que estão sendo usadas para validação da exploração da natureza em prol do capital. Também busca analisar os processos de reconfiguração territorial gerados a partir da implementação do megaempreendimento. Utilizando pesquisa bibliográfica e exploratória de fontes primárias e secundárias, propõe-se discutir o fenômeno da instrumentalização do bem natural e do discurso ecológico pelos empreendimentos imobiliários, trazendo como estudo de caso o megaempreendimento MARAEY, localizado na Área de Proteção Ambiental de Maricá. Neste contexto, a discussão adentra a relação entre a legislação e as manobras exercidas pelo mercado imobiliário junto ao poder público e órgãos reguladores para viabilização de grandes empreendimentos.
Lina Motta Corrêa - Densidade urbana: avaliação do estoque construído e seus potenciais
Autor: Corrêa, Lina Motta
Resumo: A análise da Densidade Urbana, para avaliação do estoque construído e sua capacidade de atendimento das necessidades habitacionais, é o problema que motivou esta pesquisa. No Rio de Janeiro, cidade de interesse deste trabalho, o espraiamento da urbanização tem como um de seus principais motivos a lógica de criação de novas áreas para investimento do capital imobiliário que, com o suporte do Estado, avança sobre novos espaços. Espaços que, quando construídos para as classes mais ricas, têm sua localização, acesso e infraestrutura privilegiados, entretanto, quando feitos para abrigar as classes mais pobres, são, muitas vezes, periféricos e estendem o tecido urbano para locais desprovidos de serviços públicos básicos. Soma-se a isto a ausência de alternativas habitacionais para uma significativa parcela pobre da população, que autoconstrói suas moradias em locais desvalorizados, preservados pela legislação de proteção ambiental ou outras normas urbanísticas. A cidade expande-se, as distâncias a serem percorridas aumentam, tornando quase inviável o fornecimento de infraestrutura e serviços urbanos para os inúmeros habitantes dispersos no território. De acordo com Relatório de avaliação global sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos (IPBES, 2019), as mudanças de uso do solo, causadas em parte pela urbanização, provocam alterações nos ecossistemas e na biodiversidade que os suportam, estando fortemente ligadas às mudanças climáticas e ao aquecimento global. A expansão urbana sobre o entorno natural representa, portanto, um risco ambiental. As cidades brasileiras têm papel importante, concentrando quase 85% da população do país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2015). A gestão da densidade urbana, intensificando o uso do solo nos ambientes atendidos por infraestrutura, pode promover a economia na manutenção das redes de serviços urbanos, viabilizar melhorias e potencializar o uso do transporte de massa. No entanto, a inclusão da população de baixa renda, maior parcela do déficit habitacional, é imprescindível; caso contrário, o adensamento só servirá para fomentar as atividades de um mercado imobiliário que não se interessa por esta numerosa população. A pesquisa abordou a Densidade Urbana como um instrumento de análise do estoque construído existente e seus potenciais, tendo como referência critérios sobre a economia na manutenção e construção das redes de infraestrutura. Mapeamentos foram feitos com programa de geoprocessamento, avaliando a densidade urbana em uma área do Rio de Janeiro composta por 26 bairros e dotada de infraestrutura. Os mapas auxiliaram a escolha de quatro subáreas de estudo, para uma análise das densidades e suas variáveis em escala ampliada, combinada a um estudo de adensamento urbano. Os resultados mostram um potencial para alocar mais cerca de 300.000 unidades habitacionais, aproximadamente 84% do déficit habitacional metropolitano e 50% do conjunto total das necessidades e futuras demandas habitacionais do município, em uma área que corresponde a 5% do território urbanizado da cidade. O número potencial de moradias confirma a relevância do tema Densidade Urbana e a necessidade de intensificar o aproveitamento dos ambientes urbanizados, para o uso sustentável das infraestruturas existentes e atendimento das carências habitacionais nos limites consolidados da cidade.
Bruna Cabral Gonçalves de Oliveira - O mobiliário urbano e o espaço público: práticas urbanas, apropriações e novos significados no bairro de Copacabana (RJ)
Autor: Oliveira, Bruna Cabral Gonçalves de
Resumo: As cidades contemporâneas têm apresentado diversos desequilíbrios de caráter econômico, social e ambiental que influenciam de forma direta nas transformações espaciais urbanas e principalmente, no modo de vida de sua comunidade. Entretanto, é notório observar iniciativas, das mais abstratas às mais concretas, que buscam a requalificação destes espaços a partir de intervenções de pequena escala em nível local. Esta pesquisa possui como objetivo trazer à tona questões de sociabilidade nos diversos cenários que o espaço público é capaz de oferecer, através da análise do mobiliário urbano como instrumento de pequena escala. O mobiliário urbano, ao passo que requalifica os espaços, se revela de extrema importância ao equalizar problemas urbanos existentes apresentando soluções integradas no âmbito do planejamento, gestão e, principalmente pertencimento, resiliência e sociabilidade no contexto das cidades contemporâneas. Essa investigação abordará o bairro de Copacabana (RJ) como estudo de caso, mais precisamente, a partir da implementação do Programa Rio Cidade na década de 90. O arcabouço teórico selecionado forneceu suporte metodológico para a investigação do tema a partir da relação pessoa, ambiente e objeto. A investigação permite prospectar, em sintonia com os objetivos da pesquisa, que a cidade contemporânea não possui mais espaço para receber um projeto de modelo estático. Mas sim, um projeto de caráter dinâmico e multifuncional, que à luz da relação entre desenho urbano e desenho ambiental seja possível identificar através das experiências e vivências como esses elementos se articulam em projetos de requalificação urbana através de transformações bem-sucedidas. Neste sentido, a investigação traz importantes informações que contribuem para a análise de estratégias projetuais implementadas no campo do mobiliário urbano, assim como, das possibilidades de apropriação que ele oferece enquanto modos de viver e sentir a cidade.
Amanda Pereira Rodrigues Moura - A influência do projeto arquitetônico na humanização dos ambientes de tratamento oncológico
Autor: Moura, Amanda Pereira Rodrigues
Resumo: Atualmente, o câncer é considerado o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países. O recurso terapêutico oncológico, geralmente, é agressivo como, por exemplo, a quimioterapia e a radioterapia, exigindo uma maior presença da pessoa em tratamento no ambiente hospitalar para a realização dos mesmos, além disso, o hospital possui uma estrutura complexa, devendo corresponder às expectativas e necessidades do seu principal usuário, o paciente. Porém, acredita-se que os artefatos (elementos) arquitetônicos não respondem adequadamente às demandas individuais do paciente oncológico. Neste trabalho, como estudo de caso, foi analisado o Hospital Ascomcer, uma entidade civil de caráter filantrópico da cidade de Juiz de Fora/MG e o Hospital Universitário unidade Santa Catarina da Universidade Federal de Juiz de Fora, com intuito de compreender as atuais abordagens projetuais, avaliando questões de humanização hospitalar bem como pesquisar, identificar e apontar soluções que possam fornecer elementos e subsídios para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos e outras melhorias em relação à arquitetura dos hospitais em prol do paciente oncológico. Três projetos de Hospitais da Rede Sarah também foram apresentados na presente pesquisa, com intuito de avaliar questões relacionadas à humanização e as principais estratégias utilizadas por João Filgueiras Lima – Lelé. A metodologia se baseou inicialmente em dados bibliográficos e documentais, consultas em fontes primárias e também em fontes secundárias, material já publicado tais como livros, artigos e periódicos, além de normas e leis que se aplicam à ambientes hospitalares. Em adição, foram aplicados questionários a arquitetos (a), engenheiros (as), médicos (a), enfermeiros (as), técnicos (as) de enfermagem que possuem experiência na área da pesquisa e, aos pacientes oncológicos. Ao final dessa dissertação, as comparações realizadas entre o estudo de caso e os resultados dos questionários, mostram as deficiências observadas no ambiente hospitalar e apontam soluções que possam fornecer elementos e subsídios para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos e outras melhorias em relação à arquitetura dos hospitais em prol do paciente oncológico.
Belchior Fernandes Lopes - Plataformas digitais de mobilidade e desigualdade: o caso dos serviços de aluguel de bicicletas compartilhadas na cidade do Rio de Janeiro
Autor: Lopes, Belchior Fernandes
Resumo: Nos últimos anos, assistimos a um vertiginoso crescimento de serviços intermediados por tecnologias digitais, com destaque às plataformas digitais (aplicativos digitais) que se popularizaram junto aos aparelhos de smartphones. Dentre a diversa gama de aplicações estimuladas por essas tecnologias, podemos destacar os modelos de serviços por demanda, aos exemplos, dos aluguéis por temporada (“Airbnb”), as corridas de aplicativo (“Uber”, “99taxi”), ou os serviços de entrega de delivery (“ifood”, “happy”), entre outras atividades comerciais, que recorrem a ciência de dados para otimizar a operação de serviços tradicionais, desenvolvendo novas formas de coordenar esses processos produtivos. Um dos mercados em que os serviços por demanda via plataformas digitais têm crescido massivamente no Brasil, diz respeito aos serviços de mobilidade por aplicativos digitais. Esses aplicativos introduzem novos métodos de promover deslocamentos urbanos, seja de pessoas ou objetos, e são apoiados por ferramentas digitais que permitem a digitalização dos processos e a articulação de grande quantidade de dados georreferenciados, ou seja, viabilizam a criação de redes digitais com capacidade para coordenar simultaneamente, e em tempo real, informações de usuários, objetos e recursos físicos referenciados no espaço geográfico. Pesquisadores têm discutido como essas rápidas transformações podem estar alterando os padrões de convívio social e a dinâmica distributiva da geografia urbana, o que se torna um desafio para o poder público mediar conflitos em processos com rápidas transformações e ainda sem normatizações específicas. Considerando que a mobilidade é um recurso essencial para o funcionamento das cidades e para o acesso as oportunidades urbanas, discutiremos a questão dos serviços de mobilidade por plataformas digitais relacionando-o com aspectos importantes da gestão da cidade e sobre o papel da mobilidade urbana enquanto ferramenta essencial para o desenvolvimento social em cidades brasileiras. Para tanto, vamos nos aprofundar como estudo de caso no exemplo do sistema de bicicletas compartilhadas da cidade do Rio de Janeiro, onde esses serviços já estão popularizados, em um contexto urbano marcado por complexos conflitos de ordem socioterritoriais, o que pode nos dar margem para trazer ao debate da mobilidade e da desigualdade, em um cenário de cidades cada vez mais hibridas e midiáticas.